Qualquer um pode chegar atrasado algumas vezes, claro, mas ser a pessoa que está sempre cinco minutos atrasada (no mínimo) é uma arte. Uma arte frustrante e inconveniente. Ou, conforme afirmam cientistas da Universidade da Califórnia (Berkeley), algo em que somente o seu cérebro pode ser culpado.
Se você quer saber mais sobre o “fenômeno” que faz com que você perca constantemente os ônibus, apareça no casamento logo após a noiva ter aparecido e irrite regularmente seus amigos e parceiro, o Patio Hype revela o resultado da pesquisa e o porquê da síndrome do atraso ser tão difícil de ser corrigida.
Em 2014, um grupo de cientistas ganhou o Prêmio Nobel de Medicina pela descoberta das chamadas “células grid”, que ficam no hipocampo (região cerebral ligada à memória) e têm a função de mapear os ambientes pelos quais passamos. Mais ou menos como se fosse um GPS mental.
No estudo atual, os pesquisadores testaram essas células para entender como o nosso mapa neural muda conforme conhecemos melhor um lugar. A hipótese deles era a seguinte: quando conhecemos muito bem uma sala, e temos um mapa neural dela cheio de detalhes, teremos 1) a impressão de que essa sala é maior do que é, 2) a impressão de que leva mais tempo para cruzar a sala do que realmente leva.
Os cientistas reuniram um grupo de estudantes ingleses que moravam todos no mesmo prédio, em Londres. A primeira tarefa dos participantes foi desenhar, de cabeça, um mapa do seu bairro. Depois, eles precisavam apontar que trajetórias dentro do bairro faziam com mais frequência. Por último, os jovens deveriam estimar quanto tempo levariam de casa até vários pontos do mapa, apontados pelos cientistas.
A conclusão dos cientistas foi que nós tendemos a achar que lugares muito familiares são maiores do que realmente são. Nos mapas desenhados pelos estudantes, a área que eles mais frequentavam aparecia bem maior do que as demais regiões. Já a estimativa de tempo apresentou do efeito oposto: se o lugar era muito familiar, os estudantes subestimavam o tempo necessário para chegar até ele.
Ou seja, a justificativa para a síndrome do atraso é que o cérebro tem dificuldade de calcular o tempo até compromissos rotineiros – e acaba convencendo você que “só mais cinco minutinhos” na cama, no banho ou no sofá não vão te impedir de chegar na hora.
É claro que saber de tudo isso não necessariamente ajuda a corrigir o problema. Mas, vendo a questão pelo lado positivo, se você mora em um apartamento apertado e sofre da síndrome do atraso, observe se ele parece ficar maior conforme você se acostuma com ele.
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