170 índios do Mato Grosso do Sul anunciam suicídio coletivo

Acontece

Suicídio coletivo. É o que ameaçam os índios da etnia Guaranis-Kaiowás, que vivem às margens de um rio no município de Iguatemi, no Mato Grosso do Sul. Os índios resolveram optar pela ação por conta de uma decisão da Justiça Federal que decretou sua expulsão das terras onde vivem. O grupo de indígenas é formado por 50 homens, 50 mulheres e 70 crianças. Eles se recusam a deixar o lugar e  anunciam morrer pelo direito à terra se for preciso.

Em carta remetida ao Conselho Indigenista Missionário (CIMI), os líderes do grupo anunciam o suicídio coletivo. “Pedimos ao Governo e à Justiça Federal para não decretar a ordem de despejo/expulsão, mas decretar nossa morte coletiva e enterrar nós todos aqui. Pedimos, de uma vez por todas, para decretar nossa extinção/dizimação total, além de enviar vários tratores para cavar um grande buraco para jogar e enterrar nossos corpos. Este é o nosso pedido aos juízes federais.”

As palavras foram ditas em 8 de outubro ao conselho Aty Guasu (assembleia dos Guaranis-Kaiowás), após terem sido notificados da decisão da Justiça. “Não temos e nem teremos perspectiva de vida digna e justa tanto aqui, na margem do rio, quanto longe daqui. Concluímos que vamos morrer todos. Estamos sem assistência, isolados, cercados de pistoleiros, e resistimos até hoje. Comemos uma vez por dia”.

A decisão dos Guaranis-Kaiowás não é um fato isolado na história da etnia e de outros indígenas do Brasil. Por não terem condições dignas de sobrevivência, verem suas terras serem reduzidas a cada ano e serem ameaçados de morte, vários índios da etnia já cometeram suicídio. O fato não foi noticiado por nenhum grande veiculo de comunicação, mas alguns jornalistas atestaram in locu o acontecido.

Entre 1986 e setembro de 1999, 308 índios haviam se suicidado. Índios com idade variando dos 12 aos 24 anos. Estima-se que de 1999 até hoje, outros 555 jovens Kaiowá-Guarani se suicidaram no Mato Grosso do Sul. Segundo relatório do CIMI, só em 2011, 45 indígenas se suicidaram em todo o Brasil, a maioria era Kaiowá-Guarani.

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“Sabemos que não temos mais chance em sobreviver dignamente aqui em nosso território antigo, já sofremos muito e estamos todos massacrados e morrendo em ritmo acelerado. Sabemos que seremos expulsos daqui da margem do rio pela Justiça, porém não vamos sair da margem do rio. Como um povo nativo e indígena histórico, decidimos meramente em sermos mortos coletivamente aqui. Não temos outra opção esta é a nossa última decisão unânime diante do despacho da Justiça Federal de Navirai-MS, concluem os Kaiowás-Guaranis na carta.

 

Foto e vídeo: reprodução

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