Mais energia, no entanto menos água e menos emprego no Brasil. Constatou a pesquisa que inclui dez países da América Latina, entre eles, além do Brasil, Bolívia, Chile, Colômbia, El Salvador, Guatemala, Nicarágua, Panamá e Peru. O Brasil superou a Argentina e, com 95% de alcance, tem a maior cobertura de energia elétrica entre os países avaliados pelo Banco Mundial na América Latina.
O documento “Descobrindo o que impulsiona o desempenho dos serviços de utilidade pública”, lançado em junho, estuda os serviços públicos na América Latina e Caribe.
Os dados são relativos a provedores de serviços de eletricidade, abastecimento de água, saneamento e telecomunicações, tanto públicos como privados, em toda a região. O relatório analisa profundamente os serviços antes, durante e depois da participação privada.
Telecomunicações
A pesquisa constatou que o Brasil é de longe o pais mais produtivo nas telecomunicações de linha fixa. O crescimento do setor se deu a partir da participação de empresas do setor privado, como nos outros países analisados.
Dois indicadores foram usados para calcular o registro: as conexões e minutos de chamada telefônica produzidas pelos empregados. No Brasil, foram registradas mil conexões por trabalhador. O país que mais se aproximou foi a Bolívia, com menos da metade.
Como na distribuição elétrica, a taxa de emprego diminuiu nas telecomunicações com a entrada do setor privado, mas a cobertura das linhas fixas aumentou.
Em relação às telecomunicações, participaram do relatório Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, El Salvador, Guatemala, Guiana, Jamaica, México, Nicarágua, Panamá, Peru, Trinidad e Tobago e Venezuela.
No geral os países avaliados têm algo em comum quanto a cobertura rural e urbana em relação a água, eletricidade, estradas e telecomunicações. As taxas de cobertura nas áreas rurais tendem a ser muito menores do que a média.
Água
O Brasil e outros países levam juntos água a 90% da população urbana, mas quanto ao acesso a água nas áreas rurais esse índice é bem menor. No caso do Brasil (58%), menor ainda que países mais pobres como Zimbábue (74%) e Burundi (78%). No chile 59% da tem acesso a água.
Segundo o estudo, os dados revelam a dura realidade da América Latina e Caribe em relação a disparidade entre ricos e pobres. As taxas de pobreza são geralmente muito maiores na zona rural. Elas explicam em muito, a falta de acesso, mas não tudo, lembra a publicação.
Empresas privadas
As empresas privadas de utilidade pública superam as estatais em desempenho, embora existam boas provedoras de serviços no setor público e empresas de baixa performance em ambos os lados. No setor elétrico, por exemplo, a produtividade da mão de obra em serviços privados de utilidade pública é duas vezes a dos serviços estatais.
No entanto, diz o Banco Mundial, o setor privado, por si só, não traz a solução. O governo, na dupla qualidade de regulador e provedor de serviços, tem papel central na melhoria do desempenho das utilidades. Os órgãos reguladores independentes são elementos críticos e precisam ser transparentes, responsáveis e livres de interferência política.
As empresas estatais necessitam um mecanismo sólido de responsabilização, com uma diretoria executiva independente, trabalhadores com perfil técnico, políticas de divulgação e mecanismos de avaliação do desempenho.
Com informações da ONU
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