Ambiente clean, moderno e super criativo. Assim é a sala de estar do Casa Cor Ceará, assinada pelo requisitado arquiteto Rodrigo Maia. Presença certa no evento há alguns anos, para projetar o ambiente Rodrigo pensou em uma família jovem, que aprecia a decoração e as artes contemporâneas. O design do mobiliário é, sem dúvida, um grande diferencial da sala de estar. Entre eles, a muito conhecida poltrona Mole de Sérgio Rodrigues, essa que foi a primeira peça de mobiliário brasileiro premiada em outros países. E para falar sobre o trabalho, Rodrigo Maia recebeu a equipe No Pátio – no dia destinado a imprensa – e conversou com a editora chefe, Lívia Saboya.
Lívia Saboya: Qual foi a inspiração para a criação desse ambiente?
Rodrigo Maia: A sala de estar é um ambiente que foi projetado para um casal jovem que gosta de arte contemporânea e de design. Então, tem poucos elementos, eu fiz um coisa pautada um pouco em cima do minimalismo e eu queria que a grande vedete fosse a mobília. Eu usei poltronas que são ícones do design – tanto nacional, quanto internacional – para que o ambiente ficasse convidativo para os amigos do casal. Esse é um casal que gosta de receber!
LS: E a questão do Lavabo? A gente viu que ele é muito moderno!
RM: É exatamente para dar uma quebrada na sobriedade do estar! Eu quis fazer um lavabo lúdico, inspirado naqueles globos de boate, tipo anos 1970. Uma mulher, na verdade, não vai se maquiar em um lavabo. Ela vai para ter um apoio em uma festa… então, tem que ser uma ambiente que tenha humor! O lavado é pop!
LS: E o elefante que faz parte da decoração? Você é supersticioso?
RM: Não! Foi mais pelo design mesmo!
LS: O que o motivou a tornar-se arquiteto? É uma coisa que você queria desde criança?
RM: Com onze anos eu já desenhava! Mas, por uma questão de família eu acabei fazendo Direito.
LS: Mas, fazia alguma coisa em casa – ligada a decoração de ambientes?
RM: Não! Minha mãe nunca deixou! Mas, desde criança eu sempre gostava e depois que eu já estava com a vida toda estabilizada, já tinha minha casa e tudo… resolvi fazer o que eu gostava! Terminei direito com vinte anos, super novo, e em 2011 eu comecei na arquitetura.
LS: Você fez outra faculdade antes, mas na verdade, a arquitetura sempre foi uma vocação sua!
RM: Com certeza! Tanto que com um ou dois anos de faculdade eu já fazia decoração de apartamentos de amigos!
LS: Quais são as suas principais referências? Você tem arquitetos que te inspiram?
RM: Alguns e o Márcio Koga é um deles.
LS: Como é o estilo deles? Todos tem o mesmo estilo ou são distintos?
RM: Varia muito! Mas, eu gosto muito de linhas retas e projetos mais atemporais.
LS: Qual o seu estilo?
RM: Eu acho que o bom projeto fica! É muito chato você fazer uma casa hoje e com o tempo ter que mudar. Primeiro você tem que amar o que você coloca na sua casa, a mobília que você escolher e segundo você tem que pensar em algo que fique, que você possa mudar só a cor e pronto! Eu evito os modismos.
LS: Você é muito consumista?
RM: Eu sou consumista porque eu compro a peça. Eu olho, compro e olho para outra e quero também. Mas, procuro adequar ao estilo da minha casa.
LS: Então, você não tem o hábito de trocar toda a mobília da casa e reformar tudo de seis em seis meses?
RM: Não! O bom design ele tem que ficar mesmo! Se você compra, por exemplo, uma peça ou uma poltrona, elas não vão mudar. Tenho peças da década de 1950, 1970 e que estão até hoje e são usadas em projetos. Muitas vezes, elas aparecem em releitura, principalmente na moda.
LS: No design, o que é mais importante: a marca ou o bom gosto de hora de escolher?
RM: O mais importante é a qualidade. Se você coloca um produto de uma marca estabelecida, você não vai ter problemas com aquela peça. A marca influi nesse ponto sim!
LS: Qual a parte da casa que você mais gosta de decorar, de criar?
RM: Ah! Eu adoro a sala! Acho que a sala é o cartão de visita e o hall também.
LS: Então, você escolheu o ambiente que mais gosta para decorar aqui?
RM: Obviamente existe uma pesquisa para saber que parte da casa o arquiteto mais gosta de decorar e a minha primeira opção era a sala. Em 2009 fiz a sala de jantar
LS: E qual a dica que você daria para quem estar começando na carreira? Como se dar bem mercado?
RM: Eu acho que talento é importante, mas mais importante que o talento é o bom gosto. As vezes, a pessoa desenha bem, é aplicada e um bom aluno, mas não tem bom gosto. Então, na hora de finalização o projeto não desanda.
LS: Para ser arquiteto tem que tem filing?
RM: Eu acho, que primeiro, você tem que perguntar ao cliente o que ele quer!
LS: Você acha que o arquiteto tem que ser um pouco de psicólogo?
RM: Com certeza! Eu mesmo já peguei clientes que disseram assim “Olha, eu não vou levar nada da minha casa”, e se mudaram com a roupa do corpo!
LS: Para você, qual a importância da Casa Cor para o mercado de designer no estado do Ceará?
RM: Acho que é muito importante primeiro para a gente firmar o nosso nome porque é uma forma do arquiteto ficar conhecido e de mostrar o que ele sabe fazer. Aqui, no caso, não tem cliente, então a gente pode viajar. A gente quer instigar o cliente. Tem que se divertir também. A gente não faz um ambiente monótono, com uma sala e uma cozinha arrumadinha, com tudo bonitinho. A intenção não é essa.
LS: Como você classificaria o mercado cearense de design? Você acha que está crescendo, que as pessoas têm dado cada vez mais valor?
RM: Demais! Até porque agora quantas casas estão sendo demolidas e, no lugar, prédios estão sendo construídos? Então, cada vez mais os apartamentos são menores e você precisa de um profissional para aproveitas esse local. Já aconteceu comigo um cliente que comprou uma casa 2×2 e um apartamento de 60m²! Não tem condições, ou ele anda ou ele coloca a cama! Você tem que ter ideia de proporção, de espaço… tudo isso é muito importante.
LS: É possível ter uma casa linda, sem gastar muito dinheiro?
RM: Com certeza! Até porque o mais barato é o projeto. Você precisa de um profissional, dizer quanto pode gastar e trabalhar dentro desse limite.
LS: Tem algum ambiente que você tem vontade de fazer aqui na Casa Cor e que ainda não fez?
RM: Acho que quarto. Quarto seria interessante!
Fotos: Ciro Saboya Gomes