Muito se fala na crueldade da ditadura da beleza, que exclui pessoas que não seguem os padrões ditados como perfeitos pela mídia e industria da moda. Entretanto, em um mundo onde o galã da novela, a modelo da capa da revista, a heroína do filme infantil estão todos dentro desses “tais padrões de beleza”, será que as crianças estão livres de um modelo engessado do que é imposto como bonito?
Uma pesquisa do Instituto Canadean, especializado em análises de mercado, mostra que os pais estão influenciando cada vez mais cedo seus filhos a se tornarem consumistas de beleza e moda. E com a superexposição em fotos compartilhadas nas redes sociais, o estudo revelou ainda que os pais estão cada vez mais atentos à aparência dos filhos pequenos.
De acordo com os dados da pesquisa, nove entre dez pais na América Latina se preocupam com a beleza dos bebês e das crianças de até quatro anos. Os dados dessa ditadura da beleza imposta pelos pais aos filhos foram coletados através de um questionário, respondido por quatro mil pais de 31 países diferentes.
A nação que demonstrou mais preocupação com esse quesito foi a Rússia. Lá, 98% dos pais afirmaram considerar a aparência das crianças de grande importância. Já na Nova Zelândia, residem os pais que dão menos valor a esse aspecto: 53% dos adultos disseram que se preocupam com isso.
O espelho das crianças e o perigo
Um dos principais problemas da ditadura da beleza é que ela não nos permite sermos nós mesmos. Por culpa dela, vivemos em busca de um padrão de “beleza ideal” que nos é imposto, e não somos capazes de enxergar a beleza real que já está em nós. As revistas e as fotos de moda é que acabam sendo nossos espelhos e, por não nos reconhecermos ali, muitas vezes ficamos frustrados, tristes, deprimidos…
E quando os pais tentam impor um padrão de beleza rígido para os filhos, há impactos na formação da autoimagem e da autoestima da criança em uma proporção ainda maior do que acontece no caso de um adulto.
Nesse processo, a criança acaba se tornando um adulto que não consegue enxergar sua verdadeira beleza. Ela odeia seu cabelo porque não é liso como o da propaganda de shampoo, odeia seu corpo, porque não tem a barriga de tanquinho da modelo da capa de revista, odeia ela mesma porque não consegue alcançar as expectativas da beleza padrão, expectativas essas que foram impostas desde cedo à ela, pelos próprios pais.
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