Com a economia do País em recessão, o cenário de restrição orçamentária vem tornando preocupante a oferta de bolsas para ensino superior no estado do Ceará. Preocupado com a situação, o deputado Renato Roseno (Psol) solicitou um debate na Assembleia Legislativa para discutir a não concessão de bolsas para alunos recém-ingressos nos programas de pós-graduação (mestrado e doutorado) por parte da Fundação Cearense de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico (Funcap).
Segundo o deputado, a situação piorou em nível federal. Existindo, inclusive, a possibilidade de que não haja incremento de recursos para a Ciência e Tecnologia em geral. “O Ceará precisa muito de pesquisa de pós-graduação. O fato de nós sermos um estado que tem 4% da população brasileira e 2% do PIB (produto Interno Bruto) determina que nós precisamos muito da universidade pública, do ensino superior e da pesquisa da Ciência e Tecnologia”.
Conforme o diretor científico da Funcap, Luís Drude, o sistema de pós-graduação no Ceará é um dos que mais cresceu no País nos últimos seis anos, passando de 67 para 119 cursos, um aumento de 135%. Isso aconteceu, ainda de acordo com o diretor, porque havia um investimento muito forte do Governo Federal e do Governo do Estado, para estimular o crescimento da pós-graduação.
O diretor também informou que no início do ano ocorreu a saída total do Governo Federal na manutenção de bolsas de estudo. “A Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) cortou várias e o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPQ) continua reduzindo o investimento em bolsas e isso, consequentemente, sobrou para o Estado, que não tem a mesma condição financeira do Governo Federal. Em janeiro, a Funcap teve que fazer um aporte extra de quase dois R$ 2 milhões para atender a demanda”.
A Funcap atende hoje 80% das cotas de bolsas qualificadas no Ceará e a meta para 2017 é atingir, pelo menos, mais 20%. Foi o que informou Luís Drude durante a audiência.
Para Patrícia Marques de Farias, aluna de doutorado em Ciência e Tecnologia em Alimentos da Universidade Federal do Ceará (UFC), “a grande dificuldade é os governantes enxergarem a Ciência e a Tecnologia como um investimento e não como um gasto”. Segundo a estudante, grande parte dos bolsistas é formada por estudantes de baixa renda e o valor da bolsa já está muito defasado.
“Pátria educadora” até podia ser slogan do governo da antiga presidente, mas em menos de seis meses do impeachment a coisa parece está piorando ainda mais, você não acha?
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