Hoje continuamos nossa semana especial homenageando algumas mulheres incríveis de nossa história. Ontem, falamos de Viola Davis, atriz negra, ativista, e que acabou de levar o Oscar de Melhor Atriz Coadjuvante. Hoje, nos voltamos aqui para nossa terrinha mesmo e trazemos um nome conhecido por poucos, mas de grande importância para o movimento de luta pelos direitos das mulheres: Francisca Clotilde.
Você já ouviu falar dela?
Em Fortaleza existe um centro de referência e apoio à mulher que leva o nome desta cearense, original de Tauá. Francisca Clotilde nasceu em 1862. Quando jovem, mudou-se para Fortaleza a fim de completar seus estudos e dedicar-se ao magistério. Fez uma série de testes para dar aula na renomada Escola Normal, que na época contava apenas com homens como professores. Ao conseguir entrar para o corpo docente da instituição, Francisca Clotilde tornou-se a primeira mulher a dar aula na Escola Normal, em 1884, aos 22 anos.
Mas as conquistas dela foram muito mais além… Francisca Clotilde também foi jornalista e escritora. Vale lembrar que, nessa época, as atividades literárias, culturais e intelectuais eram quase que praticamente restrita aos homens. Mas ela batalhou e entrou para o Clube Literário, ao lado de grandes nomes da literatura cearense tais como Rodolfo Teófilo, Antônio Bezerra e Oliveira Paiva.
Os temas de seus textos sempre envolviam o universo feminino. Em 1902 ela publicou o livro A divorciada, no qual contava a história de uma jovem que havia se casado à força e agora sofria com um marido não amado e infiel. O tema era bastante polêmico para a época, e acredita-se que o livro reflita a experiência de Clotilde, que casou aos 18 com um homem que se tornou alcoólatra, viajou para o Rio de Janeiro e sumiu. Sem a certeza da morte do marido, Francisca Clotilde viveu infeliz por querer se unir em um novo matrimônio, mas sem poder. Essa situação fez de Clotilde alvo de muitas críticas e discriminação.
Por seu comportamento e por seus comentários nos jornais em que escrevia, Francisca Clotilde foi demitida da escola Normal em 1895. Ela acabou fundando seu próprio jornal chamado A Estrella, e um externato na cidade de Aracati. Francisca Clotilde faleceu em 1935, mas seu nome ainda é de fundamental importância dentro do movimento de defesa dos direitos das mulheres do Ceará.
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