Como seria o mundo ideal para as consumidoras brasileiras?

Comportamento

O mundo contemporâneo dá sinais de que o poder está nas mãos femininas! Hoje, as mulheres são responsáveis, em média, por 66% das decisões de compra nos lares brasileiros, movimentando cerca de R$ 1,3 trilhão por ano. Entre as decisões de consumo que têm impacto nas compras da família, estão alimentação, plano de saúde, vestimenta e educação. Mas, qual é a relação que as mulheres mantêm com o consumo e como seria uma sociedade construída por elas?

Dados divulgados pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) no ano passado, constataram que, de 2001 a 2009, o percentual de famílias chefiadas por mulheres no país foi de aproximadamente 27% para 35%. Esse aumento da liderança feminina dentro dos lares influencia diretamente o perfil consumo no Brasil. Uma nova pesquisa, realizada pela ‘Shopper Experience’ com mulheres de 25 a 42 anos das classes A e B, tenta mapear como seria o mundo ideal sob a ótica feminina com relação ao atendimento ao cliente prestado por bancos, concessionárias e supermercados.

“É imprescindível entender que houve uma reversão muito importante quando falamos de poder de decisão. Antigamente as mulheres dependiam economicamente do homem e aceitavam suas decisões. Hoje não é mais assim. Elas trabalham e são, muitas vezes, chefes de família. São as mulheres que vão decidir o que comprar”, afirma Stella Kochen Susskind, presidente da Shopper Experience e coordenadora da pesquisa “O mundo de Vênus”.

“As mulheres têm um ritual de compra muito mais afetivo do que os homens. Elas namoram um produto até comprá-lo. Isso torna o público feminino mais exigente”, esclarece Stella.

Ainda segundo a coordenadora da pesquisa, a insatisfação com produtos e serviços é maior entre as mulheres. Afinal, são elas que, diariamente, tomam grande parte das decisões de consumo da família. A pesquisa mostra que essa insatisfação alcança patamares elevados pela própria natureza da mulher. “Quando compra um produto alimentício para os filhos, por exemplo, se a marca não cumprir o que promete, essa consumidora vai até as últimas instâncias para reclamar e fazer valer os seus direitos. Além disso, o alto poder influenciador entre amigos, familiares e nas redes sociais pode comprometer a imagem das marcas”, analisa. Stella acrescenta que essas mulheres estão educando novos consumidores. “Para elas, a educação dos filhos é pautada pelo ensino de valores morais; respeito ao próximo e a si; e sustentabilidade. É nesse contexto que está o consumo responsável”, afirma a especialista.

Vendedores que saibam identificar as necessidades das consumidoras sem práticas de vendas muito invasivas também fazem parte do universo do mundo ideal das mulheres. No outro lado da moeda, elas declaram que a cena do vendedor de sapatos que aparece com um verdadeiro estoque de modelos e caixas empilhadas é um grande pesadelo!

Já nas concessionárias as mulheres querem todos os carros em exposição! Mas o principal pedido é que o atendimento seja feito por uma mulher que, segundo as entrevistadas, passaria mais confiança e deixaria as clientes à vontade. “Claro que algumas coisas são difíceis de serem colocadas em prática, mas alguns desejos femininos podem ser um diferencial para o empresário. Nas concessionárias, por exemplo, elas pedem por mais conforto na espera da revisão do carro. Isso pode ser oferecido”, diz Stella.

O atendimento também é ponto principal na categoria bancos! Embora as mulheres admitam que neste caso as filas não poderão ser eliminadas, elas não deveriam ser longas e demoradas. Pedem que o ambiente não tenha um ar condicionado gélido e espaço para sentar confortavelmente. Um gancho para pendurar bolsas no autoatendimento seria uma boa aquisição dos bancos!

Através do mapeamento feito pela pesquisa é possível perceber que há uma grande diferença entre o que elas querem e o que lhes é oferecido. “Dois fatores acabam contribuindo para isso. Existe uma falta de atenção aos desejos femininos e há empresários que já possuem um modelo de negócio e não enxergam necessidade de se adequar”, explica Stella Kochen Susskind.

 

Fotos: Reprodução

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