Sei que foi estranho eu escrever dois artigos e sumir, mas tenho uma boa explicação: eu também sou músico, e tenho uma banda chamada Verona, que entrou em processo de gravação de CD justo quando eu comecei a escrever aqui. Gravar um CD é bem difícil, pelo que eu acabei descobrindo, mas vou falar sobre isso em outra hora. Enfim, missão cumprida, CD lançado, de volta à minha empreitada como “jornalista”!
Hoje eu quero falar de uma banda que tem sido recorrente na minha playlist nos últimos meses. Não é uma banda nova, muito menos uma banda convencional. Então, se você tá afim de ouvir uma coisa bastante diferente, vale a pena conferir o som do God Is An Astronaut, um quarteto de post-rock da Irlanda formado em 2002, e que já conta com 5 álbuns, sendo o mais recente chamado Age of The Fifth Sun, de 2010.
O post-rock, confesso, era um gênero desconhecido pra mim. Eu sempre fui meio contra essa história de tachar uma banda disso ou daquilo – ainda sou – mas no caso do post-rock a alcunha se torna meio que necessária, pois é um gênero de música experimental com características bem distintas. Bandas como o God Is An Astronaut, Explosions in The Sky, Sigur Rós e tantas outras seguem uma linha mais ou menos parecida: pouca ou nenhuma presença de vocais cantados, muita influência de rock progressivo, alternativo, indie, elementos de música eletrônica, uso de pianos, sintetizadores, fora inúmeros elementos de world music em geral. Parece uma mistureba meio louca, mas funciona. As músicas são construídas em torno de temas, que oscilam em dinâmica criando atmosferas ricas e climas envolventes.
Mas peraí, sem voz? É, rock instrumental. Mas não é chato, eu prometo! Não tem nada a ver com Dream Theater ou essas chatices metaleirísticas. O som do God Is An Astronaut não e pra nerds espinhentos que querem trilha sonora pra jogar RPG. Falo isso porque quando eu defino uma banda, prefiro falar dela como sendo a trilha sonora pra alguma coisa. Imagine que é 2111, você tem uma espaçonave pessoal, e tá indo visitar sua família que mora em uma colônia em Marte. Você colocaria o All Is Violent, All Is Bright – álbum de 2005, meu favorito – no seu iPod 15 e teria o clima perfeito pra ver as estrelas passarem enquanto faz seu trajeto. É uma imagem inevitável e proposital, evocada pelo próprio nome da banda, assim como nos títulos das músicas – Infinite Horizons, Suicide by Star, Sunrise in Aries, Worlds in Collision, entre tantas outras.
Resumo da ópera: God Is An Astronaut é uma banda pra quem quer dar um tempo da rádio e ouvir alguma coisa mais diferente. Se você não consegue digerir músicas instrumentais, ou até mesmo algo que saia do padrão pop verso/ponte/refrão ad infinitum, fique longe dessa turma. Mas pra quem quer relaxar, olhar pras estrelas e pensar se seriam mesmo os deuses astronautas, essa banda é pra você. Deixo vocês com um vídeo (feito por um fã, mas muito bonito!) da minha música preferida, Fragile.
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Foto: Reprodução.
