Alegando perseguição “politica e pessoal da mídia, e a condenação sumária” da Comissão de Ética da Presidência da República, Carlos Lupi, Ministro do Trabalho, pede demissão do cargo em reunião com a presidente Dilma neste domigo em Brasília. Ainda em Caracas na sexta-feira (2), Dilma já havia sinalizado que demitiria Lupi. Ele é o sexto ministro do mandato da presidente Dilma Rousseff, a cair por envolvimento em escândalos.
Carlos Lupi, divulgou uma nota no blog do Ministério do Trabalho, falando da sua saída. Lupi diz que sua demissão é uma maneira de evitar que “o ódio das forças mais reacionárias e conservadoras deste país contra o trabalhismo não contagie outros setores do governo”.
Nota de Carlos Lupi:
“Tendo em vista a perseguição política e pessoal da mídia que venho sofrendo há dois meses sem direito de defesa e sem provas; levando em conta a divulgação do parecer da Comissão de Ética da Presidência da República – que também me condenou sumariamente com base neste mesmo noticiário sem me dar direito de defesa – decidi pedir demissão do cargo que ocupo, em caráter irrevogável.
Faço isto para que o ódio das forças mais reacionárias e conservadoras deste país contra o Trabalhismo não contagie outros setores do Governo.
Foram praticamente cinco anos à frente do Ministério do Trabalho, milhões de empregos gerados, reconhecimento legal das centrais sindicais, qualificação de milhões de trabalhadores e regulamentação do ponto eletrônico para proteger o bom trabalhador e o bom empregador, entre outras realizações.
Saio com a consciência tranquila do dever cumprido, da minha honestidade pessoal e confiante por acreditar que a verdade sempre vence. Carlos Lupi, Ministro do Trabalho e Emprego”
Paulo Roberto Pinto, secretário-executivo do Ministério do Trabalho, é quem vai assumir interinamente a pasta. Ele vai ocupar o cargo até janeiro, quando a presidente Dilma fará uma reforma ministerial. Fica a dúvida se o Ministério continuará com o PDT, voltará para o PT ou será assumido pelo PMDB, com a possibilidade de uma possível fusão, que está sendo estudada pelo palácio do Planalto entre Ministério do Trabalho e da Previdência.
Os passos da Crise
Lupi era alvo de acusações desde o dia 5 de novembro, com uma matéria que saiu no jornal “O Glob”o revelando que a Controladoria Geral da União, (CGU) constatou indícios de desvios de dinheiro em convênios do Ministério do Trabalho com pelo menos 26 ONGs;
A revista “Veja”, denunciou também que o coordenador de qualificação do Ministério do Trabalho, Anderson Alexandre dos Santos, participava de suposto esquema de cobrança de propina de ONGs. Santos, também filiado ao PDT, foi afastado no mesmo dia por Carlos Lupi;
No dia 8 de novembro, Lupi e o comando do PDT desafiaram a presidente Dilma Rousseff e avisaram que, em caso de demissão, o partido deixaria o governo. Em uma entrevista após reunião da executiva do partido, o ministro diz: “Para me tirar do ministério, só se eu for abatido à bala”;
Depois que denúncias começarem a ganhar destaque nos jornais, o ministro veio a público desafiar a presidente, afirmando que duvidava que ela o demitisse. Reportagem do dia 1 de dezembro da “Folha de S.Paulo” mostrou que Lupi acumulou cargos na Câmara de Deputados e na Câmara Municipal do Rio;
Na sexta-feira, a Comissão de Ética Pública da Presidência da República aprovou recomendação para que a presidente Dilma demitisse o ministro do Trabalho.
Depois de um ano de governo com tantos escândalos vindo à tona , fica agora a expectativa para a reforma ministerial em janeiro. Muitas Mudanças?!
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