Rolou o terceiro dia da SPFW N 50, que dessa vez veio em um formato totalmente digital por conta do contexto pandêmico que estamos enfrentando. Seguindo na cobertura da Semana de Moda Paulista nós fizemos um resumão completíssimo de tudo o que rolou em mais um dia de “desfiles”. Ahh, e se você ainda não conferiu, nós também te atualizamos sobre o primeiro e segundo dia da Fashion Week. Vem conferir com a gente as novidades de mais um dia de evento!
1 – Lucas Leão traz experimentações virtuais para a SPFW N 50
Com uma versão totalmente digital, o evento proporciona o tipo de experimentações com a de Lucas Leão. “Fizemos todas as roupas fisicamente e depois as digitalizamos”, diz ele. Isso explica muito da capacidade que sentimos, ao assistir seu vídeo, de detectarmos texturas mesmo que haja um mundo de fios e tecnologias que nos distancie do contato físico com as peças.
O estilista trabalha bem, e de forma interessante, aspectos como proporção e volumetria, trazendo contrapontos inteligentes com a alfaiataria. As peças ambientam esse universo distópico que Lucas Leão nos apresenta.
2 – LED
A LED traz alguns constrastes em seu vídeo-performance. O colorido abraça o típico cenário urbano, a alfaiataria faz par com o crochê, o leve brinca com o pesado. Aliás, o crochê segue sendo uma das maiores apostas desde marcas grandes a estilistas independentes. Em um vídeo cheio de astral, a marca mineira consegue, de forma praticamente rara, apresentar suas roupas de forma incrível, gerando desejo imediato e tecendo emoções por todo o percorrer da apresentação.
Com um posicionamento LGBTQIA + sempre muito claro, a LED traz para a SPFW N 50 camisetas com mensagens políticas como: “uma bicha para presidente” e “abaixo o macho astral”. Além disso há um claro convite a abandonarmos os padrões binários e heteronormativos e celebrarmos a roupa como expressão da nossa identidade.
3 – A estreia da MISCI na SPFW N 50
Com a fluidez e minimalismo das peças a MISCI traz uma narrativa engajada em pontos necessários quando tratamos do cenário brasileiro: pauta ambiental, questões de representação de gênero, a causa indígena e a valorização da cultura e identidade nacional. Com o nome de Brasil Impúbere, o discurso que a MISCI adota nos traz muito da representatividade da nominação escolhida. mpúbere diz respeito àquela fase da vida de transição entre infância e adolescência, antes da puberdade. É um período de incertezas, ingenuidades e impulsos.
As peças desfiladas celebram essa brasilidade super raiz. São estampas de filtro de barro, pontos que lembram aqueles usados no artesanato típico de regiões do nordeste, motivos tipo xilogravura e filetagem, além de algumas texturas de tramas manuais. Tudo isso aplicado em peças de design minimalista, com modelagens afastadas do corpo e caimento quase sempre fluido.
4 – RENATA BUZZO
Com uma coleção cheia de poesia e romantismo Renata traz um texto pré-pandemia batizado de Estudos Melancólicos. “Fala sobre vários gatilhos, solidão, medos, angústias, morte. Não sei lidar com perdas, com finitudes terceiras.”, explica Renata.
As roupas veem expostas em um cenário melancólico apresentam uma fragilidade, mostra a modelo mais vulnerável que o habitual. “Não é bem um viés comercial, mas aprendi a pensar numa roupa que seja usável e não pesa 20kg”, diz Renata, em referência à leveza (física e estética) dos vestidos, blusas, saias e calças da nova coleção.
5 – O retorno de Juliana Jabour à SPFW N 50
Apostando todas as fichas em streetwear cheio de referências aos times de basquete estadunidense, Juliana Jabour traz para a sua apresentação um pouco do que pôde experimentar em sua coleção-cápsula em parceria com a New Era. São camisetas, moletons e bonés inspirados nos uniformes de alguns times da Liga Norte-Americana de Baseball.
Com referência punk dos anos 1980, uma alfaiataria estruturada, muito volume e fuga ao shape tradicional, Juliana Jabour apresenta uma coleção com tom mais maduro e consciente do que representa o DNA da marca.
6 – HANDRED
A paleta de cores, a escolha dos tecidos, as estampas, as modelagens, as composições, o styling, tudo na coleção da HANDRED tem o frescor do litoral carioca. E um convite para um passeio pelo calçadão de Copacabana. E deixa um gosto de desejo, de vontade. Não atoa, o ateliê do estilista André Namitala é rodeado por esse universo, situado no bairro do Rio de Janeiro, o que acaba sendo impresso meio que automaticamente em suas criações.
Os tecidos de alta qualidade, quase todos de fibras naturais, e os acabamentos e detalhes manuais, como as estampas aquareladas e bordados, formam um conjunto que une toda a proposta da apresentação.
7 – João Pimenta
Inspire! João Pimenta nos lembra o porque de ser considerado um dos maiores nomes da moda nacional. Com uma passarela sufocante ele consegue nos fazer sentir em poucos minutos tudo pelo que passamos nos últimos meses. Fica difícil respirar durante toda a sua apresentação. Camadas e mais camadas de roupas cobrem esse corpo sem identidade e nos mostra que o que menos importa é o gênero, no caso.
É um encontro do punk cheio de atitude com os cortes impecáveis da alfaiataria. Tudo está acontecendo ali, e pode até ser difícil compreender de início, mas no final a gente capta o que o estilista quis comunicar. A coleção foi feita totalmente com os tecidos que havia em estoque. Uma saída inteligentemente sustentável e que dialoga perfeitamente com o contexto atual.
E aí, tá curtindo os nossos resumos sobre a SPFW N 50? Compartilha com a gente o que tá achando do evento!
Foto/Vídeos: Reprodução.