Uma parceria econômica, digamos, um tanto quanto inusitada, já começa a dar o que falar: jumentos como item de exportação para a indústria alimentícia chinesa. A parceria já firmada no mês passado entre os dois países, prevê a venda de 300 mil especies por ano. Entidades que lutam pelos direitos dos animais, denunciam o fato de que os jumentos além de ser utilizados para o consumo de carne, podem ser usados também em laboratórios da indústria de cosméticos.
A parceria Brasil/China, motivou a União Internacional Protetora dos Animais (Uipa) a iniciar a campanha “O jumento é nosso”, para impedir que o acordo entre os dois países se concretize. “Não é só matança para consumo. Eles querem fazer experiências para a indústria de cosméticos”, denuncia Geuza Leitão, presidente da Uipa no Ceará. Ela fala que a campanha é um meio de conscientizar a população para pressionar os políticos, evitando assim, a aprovação do acordo no Congresso Nacional.
Segundo o censo de 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), existem mais de 194 mil jumentos no Ceará. Destes só 50 mil estão localizados em propriedades de criação de animais, segundo o cadastro da Agência de Defesa Agropecuária do Estado do Ceará (Adagri). O abandono pelos donos devido, muitas vezes ao baixo valor comercial, faz com que os animais encontrados nas rodovias estaduais sejam recolhidos pelo Departamento Estadual de Trânsito (Detran-CE).
Segundo Valdir Chaves, responsável pelas apreensões de animais, os jumentos são levados para um dos 13 currais do Detran que estão espalhados por diversos partes do Ceará. Se em sete dias o proprietário não reclamar sua posse, o animal é transferido para a Fazenda Paula Rodrigues, em Santa Quitéria, local mantido pelo Estado. Mas será que tantos animais abandonados justificam sua venda para esse tipo de comércio, tão culturalmente diferente do brasileiro?
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