Transo: filme nacional sobre a vida íntima de pessoas com deficiência estreia no Futura

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Falar sobre pessoas com deficiência é lembrar, de pronto, da dificuldade que elas enfrentam em sua rotina para realizar as mais diferentes atividades. Desde acordar e preparar o próprio café da manhã a sair para trabalhar ou se divertir, há muita gente que pensa que deficientes físicos – seja qual for a deficiência – são incapazes de realizar as coisas. Imagina então ter uma vida íntima e afetiva… E falando justamente sobre a vida sexual desse grupo minorizado, o documentário Transo estreia este final de semana, no canal Futura.

O lançamento ocorre no dia 3 de dezembro, Dia Internacional da Pessoa com Deficiência. Dirigido pelo cineasta e produtor Lucca Messi, Transo retrata a vida sexual de pessoas com deficiência. Elas compartilham suas histórias e reflexões em uma conversa íntima sobre sexo e relacionamentos. Celebrando o afeto, o autoprazer e a pluralidade da sexualidade, o filme apresenta participantes como Ana, que ganha seu primeiro vibrador de duas amigas e Fernando, um influencer que encontrou o amor em um carnaval fora de época.

Como surgiu o projeto Transo

Como uma pessoa sem deficiência, Messer conta que sua abordagem em relação ao tema é completamente observacional. “O primeiro passo foi estudar o assunto e escutar os participantes antes mesmo de iniciar a gravação. No geral, percebi que muitas pessoas com as quais conversei estavam ansiosas para debater o tema, houve pouca resistência. A maioria dos participantes aceitou prontamente o convite, eu senti que havia uma vontade genuína das pessoas relatarem suas experiências a fim de combaterem o apagamento de suas vidas sexuais, e claro, a sexualidade pertence à gama da individualidade de alguém; se apagamos a sexualidade e identidade de alguém, consequentemente reduzimos a integridade daquela pessoa. Essa foi uma premissa que me impulsionou a querer estudar o tema mais a fundo.”

Transo

O projeto Transo começou quando o diretor produziu, em 2018, um curta sobre Mona Rikumbi, a primeira mulher negra a atuar no Theatro Municipal de São Paulo. Durante o processo deste filme, eles se tornaram amigos, e Mona, um dia, relatou da dificuldade de se encontrar motéis acessíveis na cidade. “Foi nesse momento que me dei conta que existem barreiras que limitam e anulam a vida sexual da pessoa com deficiência, a falta acessibilidade reforça isso. Eu nunca havia me atentado à ausência de rampas, à falta de tablets para comunicação com a recepção para quem tem uma deficiência auditiva e banheiros acessíveis para quem usa cadeira de rodas nos motéis”, revelou Lucca.

Depois dessa conversa, Messer começou uma pesquisa sobre o tema, e, por mais de três anos, enquanto atuava do mundo do documentário e da psicologia, estabeleceu conversas com pessoas com deficiência sobre o tema, realizando pré-entrevistas, além de estar em contato com acadêmicos que se dedicam ao estudo da sexualidade e deficiência. “Essa jornada eventualmente culminou na criação de um projeto transmídia, o Transo, cujo objetivo principal é desmistificar o tabu em torno da sexualidade por meio da representação, deixando claro que pessoas com deficiência não apenas têm vidas sexuais, mas também sentem prazer e constroem famílias.”

O documentário Transo será transmitido pelo Canal Futura no dia 3 de dezembro. O Futura está disponível gratuitamente via Globoplay para acompanhar o sinal ao vivo da programação, além de um catálogo com mais de 185 títulos e 5.000 vídeos. 

Fotos e vídeos: Reprodução

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