
Já cruzou o caminho de uma pessoa simpática demais? Mas do estilo que em menos de cinco minutos de conversa já quer ser seu melhor amigo, saber tudo sobre você e te ajudar de todas as formas possíveis? Por um lado, pode parecer educação demais. Há também quem pense que seja pura falsidade. Mas, na verdade, pode ser uma condição genética rara: a Síndrome de Williams.
A síndrome ganhou esse nome em homenagem ao Dr. J.C.P. Williams. Ele foi um cardiologista da Nova Zelândia que, em 1961, descreveu pela primeira vez um grupo de crianças. Essas crianças compartilhavam problemas cardíacos específicos, características faciais semelhantes e um perfil comportamental único, incluindo a marcante extroversão. Posteriormente, em 1962, o Dr. A. J. Beuren, na Alemanha, também descreveu casos semelhantes, por isso, às vezes, é comum ouvir falar em Síndrome de Williams-Beuren.
Mas o que é a Síndrome de Williams?
De forma bem simplificada, a Síndrome de Williams é uma desordem genética. Estima-se que afete 1 em cada 7,5 mil nascidos vivos. A síndrome se caracteriza por uma perda de material genético em uma região específica do cromossomo 7. Essa pequena “deleção” afeta cerca de 25 genes e, consequentemente, impacta o desenvolvimento da pessoa.
Com isso, eles são extremamente afetuosos, empáticos e falantes. Além disso, parecem “sentir” o mundo de forma diferente, como se desenvolvessem uma espécie de amor por todos os que encontra pelo caminho, tratando a todos como seus novos melhores amigos.

Essa condição também afeta a aparência de quem a possui. Frequentemente, pessoas com Síndrome de Williams apresentam características faciais distintas. Muitos descrevem como uma “fisionomia de duende”, com nariz pequeno e arrebitado, boca larga, lábios cheios e, por vezes, dentes pequenos e espaçados.
E qual o problema de uma pessoa simpática demais?
Os humanos, como seres sociais, deveriam se beneficiar de uma extrema simpatia como essa, certo? Mas não é bem assim com quem tem a Síndrome de Williams. Isso porque essas pessoas são tão simpáticas que, muitas vezes, se tornam alvos fáceis para abusos e assédios. Não à toa, quem tem essa síndrome às vezes é erroneamente diagnosticada como autista.

Ainda tem termos de sociabilidade, de forma irônica, quem tem a síndrome também pode ter dificuldades de manter amizades próximas e, inclusive, a fim de evitarem ser mal compreendidos, podem até ir pelo caminho extremo oposto e se isolarem. Assim, quando chegam à fase adulta, poucos vivem de forma independente e chegam a sofrer de ansiedade severa.
Além de tudo isso, a Síndrome de Williams também traz algumas implicações orgânicas, principalmente os problemas cardiovasculares. A estenose aórtica supravalvar, uma espécie de estreitamento da artéria aorta, por exemplo, é bem comum. Podem, ainda, ocorrer dificuldades de aprendizado.
Por ser uma doença genética, a Síndrome de Williams não tem cura. Porém, é perfeitamente possível conviver com ela e ser uma pessoa simpática demais, porém, de forma saudável. Terapias de fala, ocupacional e comportamental ajudam no desenvolvimento e na aprendizagem. Além disso, o suporte educacional especializado faz toda a diferença. Contudo, o acompanhamento cardiológico é crucial.
Você já conhecia essa doença?
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