Neil Gaiman – A Tragédia Cômica ou a Comédia Trágica de Mr. Punch

Cultura

Olá, voyeursl! Hoje vamos falar um pouco de uma Graphic Novel, A Comádia Trágica ou a Tragédia Cômica de Mr. Punch, do (justamente) aclamado Neil Gaiman, com a arte de Dave McKean. Esta matéria foi veiculada anteriormente no meu blog, dia 24 de abril. Espero que vocês gostem!

Mr. Punch conta a história de um garoto que costuma passar muitos dias na casa dos seus avós paternos, em Porthsmouth, litoral da Inglaterra. Nessa estadia, ele assiste ao sinistro teatro de fantoches da Comédia Trágica ou a Tragédia Cômica de Mr. Punch, que lhe causa, ao mesmo tempo, admiração e espanto. Além disso, também confronta o universo de segredos e amarguras dos adultos, nas figuras de seu avô e do seu tio-avô corcunda Morton, de uma mulher que ganha a vida interpretando uma sereia no fliperama de seu avô e do misterioso “professor de Punch e Judy”, Swatchell.

Com uma atmosfera tão pesada quando Sinal e Ruído, Gaiman mostra aspectos sombrios da vida através dos olhos de uma criança, que envolvem a loucura de seu avô, a recusa da família em falar abertamente sobre a doença de seu tio Morton, dentre muitas memórias que nunca tiveram maiores explicações, para o menino. No meio disso tudo, está Swatchell e os fantoches de “Mr. Punch”.

Quando li, pensei: “é uma boa história, mas falta alguma coisa”. É, claro, muito bem narrada, e a nebulosidade das perguntas sem resposta do menino dão um ritmo de mistério e desalento à narrativa. À muitas das dúvidas dele, sendo criança, um leitor mais maduro poderia sugerir respostas, ou ter ainda mais dúvidas que ele, o que é interessante. Entretanto, acho que um ponto negativo (que não é culpa de Gaiman), é a possível dificuldade em entender o simbolismo dos fantoches de Mr. Punch na história.

Vale lembrar que esse teatro de Mr. Punch é uma tradição britânica, pelo menos, desde o século XVII e que, óbvio, Gaiman não o colocou gratuitamente. Penso que a editora deveria ter acrescentado notas acerca disso, para evitar, justamente, essa sensação de que “falta” alguma coisa. O que se conclui desta relação é que o teatro de fantoches de Mr. Punch, repleto de violência (que não sabemos se é assim em todas as versões ou se foi uma adaptação de Gaiman) é uma metáfora da própria decadência que o menino assiste ao seu redor e que seus olhos infantis ainda não são completamente capazes de compreender.

Ainda assim, quem quiser saber mais sobre o teatro de Mr. Punch, pode dar uma olhadinha aqui. Quanto ao trabalho gráfico, porém, não há reservas. A arte de Dave McKean está simplesmente perfeita para a narrativa. Sombria, mas com um toque delicado, que remete bem ao olhar infantil. As imagens dos bonecos são detalhadas e inquietantes, com cores que chamam a atenção e se destacam no meio das cores cinzentas que predominam na história. Os adultos são quase sempre desenhados vistos por baixo, nos dando a sensação daquele universo que, para o menino, era inalcançável. Simplesmente perfeito.

Então é isso! Quem quiser dar uma olhada, eu recomendo! O preço está bem em conta. Acredito que o único problema tenha sido mesmo essa falha em esclarecer aspectos culturais. No mais, vale muito a pena!

 

 

Texto: Geisa Gomes – Equipe Voyeur Gráfico

Fotos: Reprodução

 

Retirado de http://www.geisagm.blogspot.com.br

Inscreva-se na nossa newsletter