Estamos no aquecimento para o Carnaval 2026, com as escolas apresentando seus enredos, musas, rainhas e passistas. E além de alegria, esse é um momento que quase sempre gera polêmica, e a Beija-Flor não ficou de fora. Durante a apresentação de seu enredo para 2026, a escola colocou a atriz Giovanna Lancellotti no centro de uma cena que homenageava religiões de matriz africana. A escolha, porém, não passou batida e gerou polêmica nas redes sociais.
A atriz, casada com Gabriel David, herdeiro da Beija-Flor e presidente da Liesa (Liga Independente das Escolas de Samba do Rio de Janeiro), apareceu ajoelhada diante de representantes de Oxum e Iemanjá. O gesto chamou atenção porque a musa, branca, assumiu o protagonismo, enquanto mulheres negras, que carregam essa ancestralidade, ocuparam papéis secundários.
A cena dividiu opiniões porque reforçou um padrão: mulheres brancas ocupando lugares de protagonismo em narrativas que nasceram da experiência negra.
Giovanna Lancellotti vira centro de debates nas redes sociais
Nas redes sociais, o debate pegou fogo. Rapidamente, as redes sociais se dividiram. Uma parte do público apontou falta de sensibilidade e até apropriação cultural, já que a homenagem poderia ter valorizado artistas negras. Muitos viram ali uma forma de apropriação cultural, questionando por que a escola não valorizou mulheres negras para o papel principal.

“Imaginem uma reunião, seis pessoas em volta da mesa, o líder diz ‘o tema é ancestralidade’, alguém sugere ‘vamos colocar a Giovanna Lancellotti’ e todos concordam. Não é possível”, escreveu um. “Desculpe minha mãe Yemanjá! MDS”, comentou outro. “Vejo essas coisas e penso: ‘Mas quem achou que seria uma boa ideia?'”, escreveu uma mulher.
Outros defenderam a escolha, dizendo que a intenção foi apenas homenagear. Mas o fato dela ser casada com Gabriel David, que também é herdeiro da Beija-Flor só reforçaram os argumentos de favoritismo.
As polêmicas da representatividade no Carnaval
Essa não é a primeira vez que Giovanna ganha destaque (negativo) nas redes sociais no Carnaval. Na festa desse ano, a atriz foi duramente criticada por ser eleita musa da escola de samba e ridicularizada por não saber sambar.
No entanto, vira e mexe o Carnaval vive esse tipo de polêmica. Em 2020, por exemplo, uma apresentação com Paolla Oliveira também gerou debates sobre espaço e visibilidade de artistas negras. A recente nomeação de Virginia como Rainha da Bateria da Grande Rio – justamente substituindo Paolla Oliveira – reacendeu a polêmica.
O ponto em comum é claro: quando o desfile trata de ancestralidade afro-brasileira, as escolhas de protagonismo ganham peso extra.
Especialistas lembram que o samba é fruto da resistência de comunidades negras. Logo, não basta falar sobre orixás ou símbolos da religiosidade afro sem garantir representatividade real. Cada decisão estética também carrega mensagem política.
Enquanto a Beija-Flor ainda não responde oficialmente às críticas, a discussão já ecoa. E qual sua opinião nisso? Conta para a gente nos comentários!
Fotos e vídeos: Reprodução