Relembrando Weeds: a série que transformou suburbanos entediados em traficantes improváveis

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Se você já passou pela estreia da nossa nova coluna Relembrando Séries, sabe que a ideia é garimpar aquelas produções que incendiaram a TV por assinatura nos últimos anos e que, hoje, brilham novamente no streaming. Depois de revisitar o universo anárquico de Shameless, voltamos nossa atenção para uma veterana igualmente ousada: Weeds, o fenômeno do Showtime que misturou comédia, crítica social e um toque generoso de caos doméstico.

Lançada em 2005, Weeds virou rapidamente um símbolo da virada de chave da TV americana. Naquele período, redes como HBO e Showtime estavam deixando para trás a velha fórmula “família perfeita” e abraçando protagonistas imperfeitos, moralmente flexíveis e totalmente viciantes.

Do tédio ao tráfico: por que vale a penad ar uma chance a Weeds

Nancy Botwin, interpretada por Mary-Louise Parker, se tornou o rosto desse movimento — uma mãe suburbana que, após ficar viúva, começa a vender maconha para sustentar o padrão de vida dos filhos. Sim, no meio dos muros brancos e gramados impecáveis da Califórnia, quem comandava a economia local era ela.

O mais fascinante é que a série sempre foi além do humor fácil. Weeds brinca com os códigos da classe média alta, desmonta o ideal americano de comunidade perfeita e, ao mesmo tempo, coloca sua protagonista em constante queda livre emocional. Nancy nunca foi a heroína tradicional; ela era carismática, contraditória, irresponsável e, justamente por isso, impossível de abandonar. Cada decisão dela — quase sempre a pior possível — empurrava a trama para um novo nível de desespero cômico.

Weeds

Uma trama que parece superficial, mas que traz reflexões profundas

À medida que as temporadas avançam, a série deixa o subúrbio arrumadinho e mergulha em tramas envolvendo cartéis, novas drogas, identidades falsas e até uma mudança forçada de cidade. Embora essa escalada nem sempre agrade unanimemente aos fãs, ela representa o espírito da época: séries que não tinham medo de mudar radicalmente de tom, ritmo ou cenário. Era TV por assinatura sem amarras, apostando em exagero e inteligência ao mesmo tempo.

E, claro, um detalhe importante: a trilha sonora. Weeds não seria Weeds sem a abertura icônica “Little Boxes”, que virou praticamente um comentário musical sobre a padronização suburbana. Aliás, poucos seriados conseguiram usar música de forma tão irônica e, ao mesmo tempo, tão narrativamente precisa.

Weeds

Hoje, disponível no streaming, Weeds encontra uma nova geração curiosa — e uma velha guarda saudosa — que reconhece na série um dos embriões das anti-heroínas modernas. Antes de Breaking Bad e muito antes das mães caóticas que dominam o streaming atual, Nancy Botwin já estava lá testando limites e rindo da própria tragédia, um baseado por vez.

Onde ver (ou rever) Weeds

  • Streaming: Weeds está disponível na Netflix.
  • Para quem é: fãs de comédias ácidas, anti-heroínas imperfeitas e histórias cheias de reviravoltas.
  • Por que revisitar agora: a série ajuda a entender a virada narrativa que moldou as anti-heroínas atuais. Ao mesmo tempo, entrega aquele sabor nostálgico da TV por assinatura dos anos 2000.
  • Dica de maratonista: vá com calma nas temporadas centrais — o caos escala rápido, mas faz parte do charme.

Fotos e vídeos: Reprodução

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