Enfim a busca para entender a estrutura fundamental da matéria, ou como é composta a massa de todas as demais partículas, segundo a teoria conhecida como “modelo padrão”, pode ter acabado. O anúncio da descoberta da chamada “partícula de Deus”, o Bóson de Higgs foi feito nesta madrugada de quarta-feira (4), pelos cientistas dos dois principais experimentos do Grande Colisor de Hádrons (LHC) – maior acelerador de partículas do mundo, operado pelo Centro Europeu de Pesquisas Nucleares (Cern) na fronteira entre França e Suíça.
A equipe do experimento conhecido como CMS, é composta de mais de 2 mil cientistas espalhados pelo mundo. Na apresentação sobre as descobertas, Joe Incandela, porta-voz, disse que a equipe observou um excesso de eventos na faixa de energia de 125 gigaeletronvolts (GeV)/c2 que seria uma forte evidência da formação do Bóson de Higgs nas poderosas colisões promovidas no LHC.
“Isso é apenas o começo. Por favor, sejam pacientes. Estamos entrando na era de medir o Higgs. Precisamos de mais dados e até o momento analisamos apenas um terço das colisões em 2012. Espero que estes resultados abram a porta para um futuro muito brilhante”, disse por Fabiola Gianotti, porta-voz do experimento Atlas.
“Superamos uma nova etapa em nossa compreensão da natureza”, afirma em um comunicado o diretor geral do Cern, Rolf Heuer. “A descoberta de uma partícula cujas características são coerentes com as do bóson de Higgs abre o caminho para estudos mais profundos que necessitarão de mais estatísticas para estabelecer as propriedades de uma nova partícula”, completa.
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Partícula de Deus
Inicialmente a partícula era chamada de “o Santo Graal” da física, numa procura que já tem mais de 40 anos. A pesquisa dos cientistas se tornou pública, quando o cientista Leon Lederman escreveu um livro com o título The Goddamn Particle (A Partícula Amaldiçoada), mas pensando em fins comerciais o livro acabou saindo como The God Particle (A Partícula de Deus). Por causa do livro foi apelidada em definitivo como “partícula de Deus”. Daí a “bóson de Higgs”. Higgs, por conta de Petter Higgs, idealizador da partícula em 1966.
A “partícula de Deus” voltou a ficar em evidência em 2008 devido à estreia do acelerador de partículas LHC. Uma máquina de US$ 10 bilhões, com uma pista de 27 km enterrada sob a fronteira entre a França e a Suíça e que ficou de molho por mais de um ano. A coisa toda parece mais cena de filme de ficção cientifica e, é bem complexa de ser entendida. É como se os cientistas estivessem tentando descobrir do que é formada a matéria, ou do que são formados os seres humanos, já que a matéria é tudo que tem massa. Seria como descobrir o menor dos menores grãos de areia.
Tudo isso é feito dentro da pista de 27 km circular enterrada a 150 metros na cidade de Genebra, Suiça. Os cientistas pegam pedaços de átomos e aceleram a mais de um bilhão de quilômetros por hora para que eles se choquem. O resultado de tudo isso são explosões “controladas”, segundo os cientistas, similares à do Big Bang, teoria que deu origem a Terra. Por isso, para muitos, as tentativas de descobrir a “partícula de Deus” seriam tão arriscadas, devido às explosões e também pelo fato de que gerariam buracos negros, além de não compensarem os investimentos bilionários feitos.
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Fotos e vídeo: reprodução