Até mesmo quem não é muito fã de novela sabe que na trama Global, Avenida Brasil, Nina (Débora Falabella) teve uma infância massacrada pela ex-madrasta Carminha (Adriana Esteves) e que, por essa razão, a jovem retornou no intuito de fazer justiça. Apesar de ter sido alertada pela mãe Lucinda (Vera Holtz) de que tudo isso poderia ser prejudicial a ela, Nina continua com seus planos. Para que seus objetivos sejam alcançados, a moça não poupa esforços! Ela mente, seduz, se alia a gente perigosa e acaba destruindo totalmente sua história de amor com Jorginho (Cauã Reymond). Está claro que Nina perdeu a noção e que pode pagar um preço bastante alto do que ela chama de “justiça”.
A psicoterapeuta e psicanalista Blenda de Oliveira analisa a situação e alerta que justiça e vingança são coisas totalmente diferentes. “A vingança vem acompanhada de muito ódio, mágoa e ressentimento, que muitas vezes ultrapassa a racionalidade. É o total desejo de fazer algo contra o outro e, no fim, você pode acabar fazendo o mesmo que ele te fez”, revela a doutora. “Na justiça há recursos e ajuda. É como se ela legalizasse a vingança com protocolos, rituais, princípios. Na vingança, tudo isso parte apenas dos seus critérios”, comenta.
Para a psicoterapeuta, é comum que o ser humano tenha o desejo de ter de volta aquilo que perdeu. “Quando Carminha põe Nina, ainda criança, no lixão, faz com que ela cresça com esse ódio e inconformismo. É natural que ela queira acertar as contas”, disse. Segundo Leonard Verea, que também é psiquiatra, desejos de ódio e vingança fazem parte de uma personalidade que não evoluiu. “Uma pessoa madura não está preocupada com vingança, e, sim, com justiça. Ele não precisa se tornar mesquinho, criminoso ou fora da lei”, comenta.
Para Blenda, por ser mais madura, a pessoa justa consegue entender que não deve gastar seu tempo com a vingança, porque isso pode prejudicá-la. Já as vingativas guardam muitos ressentimentos, agem por impulso, são passionais e têm enorme dificuldade de esquecer ou sofrer menos pelo passado. “Elas têm um sentimento de que algo foi tirado delas, de rejeição, exclusão. Sofrem muito mais do que aquelas que fazem justiça, pois passam o tempo todo pensando em como se vingar”, revela.
Em uma coisa todos os especialistas concordam: a melhor maneira de agir é ter paciência e racionalidade. Mas isso não significa que você tenha que guardar ressentimentos. Afinal, não expor esse tipo de emoção pode ser até prejudicial. “Isso cria a possibilidade de as pessoas lhe fazerem mais mal”, diz Blenda. “Todo ser humano tem o direito de se incomodar e avisar quando alguém passa do ponto”, completa.
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