O ministro de Relações Exteriores da Síria, Jihad Makdissi ameaçou, nesta segunda-feira (23), a possibilidade de usar armas químicas e biológicas se a Síria for invadida por algum país estrangeiro. Foi a primeira vez que o governo reconheceu possuir tais armas. Em revolta há um ano e meio, nos últimos dias, os combates na Síria chegaram à capital Damasco, centro do poder do ditador Bashar Al-Assad.
“Nenhuma arma química ou biológica foi usada, e eu repito, essas armas nunca serão usadas durante a crise na Síria, não importa o que aconteça”, disse. “Todos esses tipos de armas estão armazenados em locais seguros e não serão usados, a não ser em caso de agressão externa”, afirmou o ministro sírio. Ele disse que as armas não serão usadas internamente, nem ao menos contras cidadãos sírios.
Na última quarta-feira (18), um atentando matou o ministro da Defesa e outras autoridades importantes do regime. Depois do incidente, o secretário americano de Defesa, Leon Panetta, durante uma coletiva de imprensa no Pentágono disse que a situação na Síria está “fora de controle”.
A ameaça do uso das armas foi feita depois que o regime sírio rejeitou uma nova proposta para enfrentar a crise, apresentada pela Liga Árabe. A Liga se reuniu nesta segunda-feira (23), no Catar, e pediu a renúncia de Assad. As informações são da emissora de televisão Al Jazeera.
Em meio às acusações, o ministro de relações exteriores se posicionou e, em resposta à Liga Árabe, chamou-os de hipócritas, afirmando que a Liga estaria apoiando e armando os rebeldes sírios. Vale salientar que esse tipo de arma foi banido pela Convenção de Armas Químicas. A Síria, no entanto, não é signatária da convenção.
Motivo das revoltas
O conflito interno na Síria, iniciou com uma série de grandes protestos populares em 26 de janeiro de 2011 e acabou progredindo para revolta armada em 15 de Março. Na ocasião, manifestantes na cidade de Deraa, no sul da Síria, se uniram para pedir a libertação de 14 estudantes de uma escola local que supostamente tinham sido presos e torturados por conta de protestos.
As forças do governo interromperam e abriram fogo contra os manifestantes. Quatro pessoas foram mortas. As manifestações acabaram ultrapassando Deraa, e os conflitos tomaram a proporção atual.
Hafez al-Assad, ex-presidente, esteve no poder por 30 anos, e seu filho, Bashar al-Assad, tem se mantido no poder como ditador nos últimos dez anos. Em meio aos conflitos, Bashar al-Assad disse que seu país está imune a todos os tipos de protestos em massa, como os que ocorreram no Cairo e Egito, fazendo referência a Primavera Árabe, que derrubou vários ditadores da região.
Vítimas dos conflitos
Ban Ki-moon, Secretário-Geral das Nações Unidas (ONU), chamou o uso da força letal usada contra manifestantes de “inaceitável”. Segundo a ONU, mais de 9 mil pessoas já foram mortas por forças de segurança e, pelo menos, outras 14 mil foram presas. Para o governo sírio, o número de mortos é de aproximadamente 4 mil pessoas (2,5 civis e o restante integrantes das forças de segurança).
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