Pesquisadores do Centro de Energia Nuclear na Agricultura (Cena/USP) e da empresa Bioagri, desenvolveram uma técnica para tornar estéril o mosquito transmissor do vírus da dengue, criando assim uma nova frente de combate a essa patologia. A pesquisa interfere no ciclo reprodutivo do inseto, por meio de um processo radioativo que, segundo os pesquisadores não faz uso de produtos químicos e não gera qualquer tipo de impacto ambiental.
Uma pequena dose de radiação gama, é que consegue deixar infecundo o mosquito, que até põe os ovos, mas esses não eclodem as larvas. “Usamos uma quantidade de energia que não mata o inseto, mas provoca mudanças em seu sistema biológico”, explica o professor Valter Arthur, coordenador da pesquisa.
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“Eles até copulam, mas não fertilizam as fêmeas, que são as transmissoras do vírus da dengue, ou seja, o ciclo continua completo. Mas, como os ovos não geram nada, conseguiremos baixar significativamente a infestação do mosquito e, consequentemente, o da doença”, comemora o coordenador da pesquisa.
Os mosquitos vêm sendo criados na unidade da Bioagri, instalada em Charqueada, interior de São Paulo, de onde seguem para o laboratório do Cena, local onde são irradiados, num processo em que o instituto especializado da USP detém a tecnologia há 30 anos. Para o professor Valter a pesquisa é uma forma simples de controle biológico ecológica, onde se utilizará o próprio inseto para combatê-lo, sem o uso indiscriminado de inseticidas.
“O objetivo da pesquisa é o de reduzir a transmissão da dengue, por meio da liberação no ambiente de mosquitos machos estéreis em grande quantidade, que competirão com os nativos. Uma vez copuladas, as fêmeas vão gerar os ovos inférteis, que não eclodirão as larvas, e consequentemente ocorrerá uma diminuição da população de transmissores da dengue”, finalizou.
Foto: reprodução