Censo 2010 – 86% dos índios cearenses vivem em áreas urbanas

Acontece

Em um levantamento histórico, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgou hoje (10) os dados de 2010 sobre a população indígena no Brasil. Os índios do país somam 896,9 mil pessoas, de 305 etnias, que falam 274 línguas indígenas. O levantamento do IBGE marca outro dado histórico de estudo sobre esses povos, a retomada da investigação sobre as línguas indígenas, parada por 60 anos.

O dado mais curioso do censo deve ser sobre onde os índios brasileiros estão vivendo. Dos 42,3% índios que não estão nas terras originais, 78,7% habitam áreas urbanas. Realidade que é mais comum no Sudeste, onde 84% dos 99,1 mil índios na região estão fora de suas terras, principalmente em São Paulo (93%) e no Rio de Janeiro (97%). Outros estados como Goiás (96%), Sergipe (94%) e Ceará (86%) também têm percentuais elevados.

O professor de antropologia da Universidade de Campinas (Unicamp), José Maurício Arruti, acha que a migração econômica é uma das explicações para a quantidade de índios fora das aldeias reconhecidas, mas não o único fator. “Tem a ver também com o estabelecimento de núcleos antigos de migração [nas cidades] e com problemas territoriais na origem, que expulsam, principalmente novas gerações”, afirmou.

Para o professor, outra explicação seria um fenômeno chamado etnogênese, quando há “reconstrução das comunidades indígenas” que supostamente teriam desaparecido. Há indícios de que seja o caso da Região Nordeste, onde 54% dos índios vivem fora de suas terras.

“Observando o aumento de grupos indígenas no Ceará, por exemplo, nos últimos 20 anos, é de se imaginar que o aumento da autoatribuição tem a ver com a ampliação de grupo indígenas no estado, estejam eles em terras indígenas ou não”, avaliou Arruti, mas sem descartar que mais pesquisas e dados são necessários para apontar as razões para o número de índios fora das terras.

Em três estados os índios encontrados vivem fora de aldeias: Distrito Federal (6 mil), Piauí (2,9 mil) e Rio Grande do Norte (2,5 mil). Nesses locais, não há território indígena reconhecido. Desde 1991, até o último Censo em 2010, a população indígena no país cresceu 205%. Em 1991, eles somavam 294 mil.

 

Foto: reprodução

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