House Sessions – Hudson Cordeiro entrevista Dj Bernardo Morais

Entretenimento|Música

Com a bombástica passagem de Renato Cohen, na Guarderia, nessa última quinta véspera de feriado, já entendemos como é necessária essa mudança de ares musicais. Lógico que teve aquele grupo do pensamento “música réi doida…”, mas ainda assim senti uma boa vibração em geral. Estava tão interessante que tinha que ter um estraga prazeres (pelo que vi, foi um dos sócios do local) expulsando uma numerosa plateia em sintonia com o rodízio dos Djs Renato Cohen, Fil e Lobbão. Por sinal, fantástico! Acabou com gosto de “quero mais”, relembrando outros Djs e artistas em diversas ocasiões que também reclamaram das condições de palco, mas principalmente da estrutura de som. Afinal não faz sentido cobrar o quanto é cobrado na bilheteria e no bar pra economizar no
som. Perdeu, novamente, a falta de senso. Enfim…

Nesse sábado, dia 15 de Setembro, haverá mais uma edição da Sunset Jam, no Tempero Do Mangue, a partir das 15hrs. Dessa vez tenho a honra de me apresentar com os Djs criadores do projeto MOVE. Evento esse realizado a priori em Recife que tem dado muito que falar, tanto pelo conceito e a informação fornecida, como também pela competência e criatividade dos Djs. Converso com um dos criadores do projeto, o Dj Bernardo Morais, irmão de Rodrigo Ilino. É quando se transforma no live Fake Tasty Tits.

Hudson Cordeiro: Como você descreve o que acontece em Recife hoje em termos gerais na música eletrônica?
Dj Bernardo Morais: O que acontece em Recife tem que ser entendido a partir de uma visão maior que apenas o cenário da música eletrônica, talvez maior que apenas o musical. A dificuldade de apresentar coisas novas ao público é um reflexo direto da nossa cultura. Existe uma divisão quase que absoluta em Recife entre cena “alternativa” (que em Recife tem uma ideia própria) e a cena “playboy” (mainstream, comercial). Quando pensamos em música eletrônica, Recife perdeu seu grande Club, a Nox, e agora depende de festas. O formato “Open Bar” virou quase obrigatório, se o “Dj Open Bar” não estiver na festa as pessoas não se interessam. A cena de Psy Trance é muito bem consolidada, porém. Alguns núcleos pequenos colocaram a cena pra frente e hoje a cena é bem forte. O House (em todas as vertentes) está engatinhando, principalmente com a Move, mas tenho boas esperanças para um futuro próximo.

Hudson Cordeiro: Que tipo de influências são usadas em suas produções?
Dj Bernardo Morais: Eu tento trazer de tudo o que escuto. Estou engatinhando ainda no quesito produção, então acho que é hora de experimentar. Minhas influências são muitas, desde o psycodelic rock, post punk, até a IDM, House, Progressive House. Eu acho que o grande problema para mim, desde que comecei a produzir, é achar o meio termo entre melodias bem trabalhadas e um groove que funcione na pista, pois quando a música é muito melódica é bastante difícil fazê-la “bombar”. Então, eu acho que ainda estou encontrando o meio termo, descobrindo o quanto estou disposto a abrir mão de cada uma dessas características. Acho que bons exemplos do que eu tento alcançar são sons como o John Talabot, Maceo Plex, Tale of Us e Henry Saiz, mas com uma pitada do Nordeste.

Hudson Cordeiro: Qual a impressão que você tem de Fortaleza?
Dj Bernardo Morais: É uma ótima impressão! Eu tenho acompanhado de longe a cena cearense e acho que a coisa está realmente funcionando. Primeiro que Fortaleza oferece ótimos locais para fazer festa, como a Guarderia. Eventos como Heineken Sunset e a festa da Warung são eventos que trouxeram grandes nomes e oferecem ao público grandes nomes como Renato Cohen e Mau Mau. Eu acredito que uma cena diversificada é uma cena rica. Não é preciso ter festivais enormes, com pseudo popstars, o importante é quando a pessoa for pensar em sair para uma festa poder escolher entre os mais variados tipos de festa, seja house comercial, trance, deep-house, techno.

Hudson Cordeiro: Quem são os melhores djs com quem já se apresentou?
Dj Bernardo Morais: Eu acho que os grandes nomes foram o Nytron, do Rio de Janeiro, e DNYO, de São Paulo. Os dois são grandes djs/ produtores.

Hudson Cordeiro: As melhores festas em que tocou?
Dj Bernardo Morais: A melhor festa, com certeza, foi a Move. Não adianta a festa ter estrutura se ela não tem um público realmente disposto a ouvir e dançar o que você tem a mostrar.

Hudson Cordeiro: A MOVE tem um público diversificado ou segmentado?
Dj Bernardo Morais: Nós ainda estamos construindo nosso público. Como eu disse, Recife é dividida ao meio e, necessariamente, quem não participa de um grupo, participa do outro. A Move fica no meio e isso ainda confunde as pessoas. Mas acho que o nosso objetivo é ter um público
diversificado, com uma coisa em comum: aceitar música nova.

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