Com tantos presos, engana-se quem pensa que as detenções brasileiras são celeiro de uma diversidade incontável de crimes e atrocidades. Nove crimes são responsáveis por 94% dos aprisionamentos no país: tráfico de entorpecentes, formação de quadrilha, receptação, furto, porte de armas, estupro, homicídio, roubo e latrocínio.
Em todo país, 240 mil presos respondem por crimes patrimoniais, entre eles furto, roubo e estelionato. Já por tráfico de entorpecentes, respondem 125 mil presos. Juntos, os dois grupos somam 365 mil presos, o que corresponde a 71,2% do total de detentos do Brasil. Por crimes contra a pessoa, como homicídio, respondem 60.592 presos.
Mesmo com escândalos envolvendo o dinheiro público estourando a todo o momento no país, crimes contra a administração pública só respondem a 0,4% do total. São 2.021 presos. O número poderia até ser motivo de alegria, já que em relação ao montante não grande relevância, mas na prática, todos sabem que a impunidade nesses casos é sem precedentes e muita gente que deveria estar atrás das grades desfruta da liberdade.
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Para cada preso por corrupção no país, há 100 encarcerados por subtração de coisa alheia. O julgamento do mensalão sem dúvida é um marco na história da punição para esses crimes, mas nem de longe ameniza o problema. É fato: no Brasil, roubar galinha dá mais cadeia do que roubar dinheiro público.
Apreensão de drogas
As polícias brasileiras ainda não encontraram o caminho do “pote de ouro”. A média de apreensão por preso é de apenas 66,5 gramas. Os presos na maioria são pequenos traficantes. Tê-los presos não atrapalha por muito tempo o tráfico, já que o processo de “alistamento” de outros traficantes é eficaz e rápido.
Mercado não falta, segundo o Relatório Mundial sobre Drogas 2012, divulgado em junho deste ano pelo Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (Unodc), em todo mundo, o problema das drogas atinge cerca de 27 milhões de pessoas, o que representa 0,6% da população mundial. Segundo o relatório, no Brasil, as apreensões federais têm mais do que triplicado desde 2004, atingindo 27 toneladas em 2010.
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