Nelson Rodrigues, o eterno menino.

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“Sou um menino que vê o amor pelo buraco da fechadura. Nunca fui outra coisa. Nasci menino, hei de morrer menino. E o buraco da fechadura é, realmente, a minha ótica de ficcionista. Sou (e sempre fui) um anjo pornográfico”.

No último dia de 2012, nada mais justo que prestar uma homenagem a Nelson Rodrigues, que este ano completaria 100 anos. Que tal aproveitar para conhecer um pouco mais da vida e obra deste eterno menino que se tornou ícone inesquecível da literatura e dramaturgia brasileira?

Nascido em Recife, Nelson Rodrigues mudou-se para o Rio de Janeiro aos 3 anos de idade. Dez anos depois começou sua carreira jornalística. Nelson Rodrigues nasceu em 23 de agosto de 1912. Teria completado 100 anos se estivesse vivo. O quinto filho de quartoze, o menino tornou-se o maior dramaturgo brasileiro. Seu pai foi tentar a vida no Rio de Janeiro e em 1916 sua mãe, Maria Esther, foi ao encontro do marido com os filhos.

Ao chegar no Rio de Janeiro, Nelson já começava a desenvolver seu talento. Ele observava o cenário e entrou em contato com um mundo passional que se tornaria a obra “A vida como ela é…” no futuro. Nelson começou a trabalhar quando tinha 13 anos no jornal fundado por seu pai, “A Manhã”, mas em 1929 o pai perdeu o jornal para o sócio. Então, Mário Rodrigues  fundou “Crítica” que levou a família a conhecer a morte.

A Obra

“Nelson fez um trabalho de visualização humana único. Sua obra é o tratado mais completo sobre as classes médias brasileiras, sobre seu comportamento psicológico, sexual e linguístico”, diz Jabor.

Nelson entrou no teatro tentando encontrar uma saída para a situação financeira difícil que eles estavam vivendo. Segundo algumas fontes, Nelson tinha o romance como gênero favorito. E essa predileção podia ser vista nas suas obras. Nelson era realista e foi considerado o novo Eça de Queiroz. O que lhe garante o titulo de realista é a presença do erotismo em suas obras.

Nelson escreveu peças para o teatro, romances, contos, crônicas, telenovelas e roteiros de filmes.

Assassinato de Roberto

O jornal “Crítica” resolveu que ia publicar as “causas ocultas” do divorcio de uma mulher e uma dessas causas era o adultério. Quando soube do texto que seria publicado, Sylvia Seraphim dirigiu-se à redação para saber o que estava acontecendo. Ela procurava por Mário Rodrigues, mas ele não estava no local. Seu filho, Roberto Rodrigues, que sempre teve talento para a pintura, trabalhava no jornal fazendo as ilustrações. Foi ele que atendeu Sylvia. Fechou a porta da sala e a mulher atirou em Roberto.

O jovem passou três dias entre a vida e a morte. A família acreditava na sua recuperação, mas ele não resistiu. O pai, insatisfeito pelo filho ter morrido em seu lugar, começou a beber e poucos meses depois faleceu.

“Critica” fechado e o período de fome.

Milton e Mário Filho assumiram o jornal, mas poucos meses depois ele foi fechado pela polícia por ordens do governo. A família passa a experimentar um período de fome. A situação só começa a melhorar em 1935.

O resultado do período de fome foram duas tuberculoses que Nelson enfrentou e a morte do irmão Joffre aos 21 anos de tuberculose. Joffre e Nelson eram irmãos muito chegados, diziam ser gêmeos.

Nelson escreve sobre futebol

No ano da morte de seu irmão Joffre, Mário Filho torna-se sócio do “Jornal Sports” onde Nelson passa a trabalhar com o futebol. Ele, porém, não parou por aí. Escreveu para vários jornais como “Correio da Manhã”, “O Jornal”, “Última Hora”, “Manchete Esportiva” e “Jornal do Brasil”. Ele colaborou com comentários esportivos, crônicas, contos, correio sentimental, folhetins e artigos opinativos.

O teatro

O teatro surge na vida de Nelson com a estreia de “A Mulher Sem Pecado” em 1941, mas só alcança sucesso na encenação de “Vestido de Noiva”, dirigida por Ziembinski. A peça foi um marco no teatro brasileiro. Os comentários do publico e da critica era de que nunca havia se visto nada parecido. O valor dramático de Nelson passa a ser reconhecido por grandes diretores, atores e críticos.

Nelson na televisão

Nelson não parou no teatro. Ele fez também história na televisão brasileira. Participou de mesas-redondas com comentaristas, como Luis Mendes e João Saldanha. Fez “A Cabra Vadia” no qual pessoas de destaque eram entrevistadas por Nelson. Uma cabra participava das gravações no estúdio.Foi o primeiro do Brasil a escrever para a Tv Rio a novela “A Morta Sem Espelho”.

Enquanto esteve vivo, Nelson acompanhou a adaptação de sua obra para o cinema. Chegou, ainda, a colaborar com o roteiro de “A Dama do Lotação”, de Neville D’Almeida, “Bonitinha, mas ordinária” e “Álbum de Família” de Braz Chediak. Colaborou ainda com diálogos para mais dois filmes: “Somos Dois” de Milton Rodrigues e “Como ganhar na loteria sem perder a esportiva” de J. B. Tanko.

Fim da vida de Nelson

Nelson passou seus últimos dias bastante debilitado e sofrendo muito, quadro agravado por nuca ter tido boa saúde. Nelson foi operado três vezes por conta de um aneurisma  na aorta. Nelson morreu no dia 21 de dezembro de 1980 e deixou seis filhos: Jofre, Nelson, Maria Lucia, Paulo César, Sônia e Daniela.

 

Fotos: Reprodução

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