O reforço no policiamento de oito bairros de Fortaleza, anunciado pela Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS) no último dia 24 de maio, está desfalcando o efetivo da Polícia Militar no Interior. Conforme documento de comunicação interna da PM ao qual O POVO teve acesso, somente o Ronda do Quarteirão teve 23 homens realocados para a Capital, causando baixas em 24 cidades.
Os policiais remanejados pertencem a 11 companhias de três batalhões de policiamento comunitário diferentes. Elas respondem pelos municípios de Sobral, Limoeiro do Norte, Morada Nova, Russas, Crato, Iguatu, Icó, Quixadá, Quixeramobim, Itapipoca, Itapajé, Trairi, Santa Quitéria, Boa Viagem, Tianguá, Canindé, Viçosa, Camocim, Granja, Acaraú, Tauá, Acopiara, Crateús e Juazeiro do Norte, sendo esta última cidade a cidade mais atingida pela medida, ficando com quatro homens a menos.
Datado de 21 de maio, o documento estabelecia que os policiais se apresentassem na Capital três dias depois, às 8 horas. Recentemente, a SSPDS anunciou incremento no combate à violência em Fortaleza acrescendo apenas um PM por viatura do Ronda do Quarteirão em bairros com elevados índices de criminalidade.
Na opinião do sociólogo e pesquisador do Laboratório de Estudos da Violência (LEV) da Universidade Federal do Ceará (UFC), professor Marcos Silva, o remanejamento de policiais, além de desfavorecer os municípios onde atuavam, faz parte de um conjunto de fatores que está “minando a eficiência das políticas públicas” do Estado na área da segurança.
“Não se pode, dentro de uma conjuntura de segurança pública já fragilizada, retirar policiais de uma localidade para tapar buracos em outra. Embora eventos de grande porte mereçam um aumento de efetivo, essa medida revela a intenção de passar uma sensação de segurança para os visitantes. Sensação que tem prazo de validade. Dura até o evento acabar”, considera Marcos Silva.
O outro lado
Procurado pelo O POVO, o comandante do Ronda do Quarteirão, coronel Paulo Sérgio Braga, se recusou a comentar o assunto. Afirmou que solicitaria a abertura de inquérito policial para descobrir como a reportagem havia conseguido o documento interno. “Vou tomar providências e vamos ver em que vai dar. Quero saber como essa informação vazou. Essa medida é uma atribuição interna da PM e não diz respeito a terceiros”, adiantou.
Relações públicas da Polícia Militar, o tenente-coronel Fernando Albano não revelou o efetivo das companhias do Ronda nos municípios atingidos, por “razões de segurança”. A PM também não informou o contingente de outros batalhões que tiveram policiais realocados para a Capital.
Fonte: O Povo
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