26 mil vagas estão ociosas no Ceará

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As vagas são concedidas e a procura tende a crescer, mas a educação profissional ainda encontra impasses para chegar à população de baixa renda. No Estado do Ceará, um dos problemas é a subutilização de iniciativas responsáveis por oferecer cursos de capacitação gratuitos, – a exemplo do Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec) – que está dificultando a oportunidade de jovens e adultos de obter melhores qualificações e se destacar no mercado de trabalho.

Conforme dados da Secretaria de Trabalho e Desenvolvimento Social (STDS), no início de 2013, 42.786 vagas para formações profissionalizantes foram disponibilizadas no Estado através do programa federal. Contudo, até agora, apenas 16 mil pessoas estão matriculadas nas turmas, número que corresponde a pouco mais de 37% da oferta. Portanto, cerca de 63% das oportunidades ainda não foram ocupadas.

Para incentivar o preenchimento de vagas ociosas, a presidente Dilma Rousseff e o governador Cid Gomes participam, hoje, no Centro de eventos, da formatura de 2.500 jovens do programa Pronatec BSM – Brasil Sem Miséria, em dez municípios da Região Metropolitana de Fortaleza (RMF). Dentre as cidades que possuem turmas formadas, estão Aquiraz, Caucaia, Cascavel, Eusébio, Maranguape, além de São Gonçalo do Amarante.

Municípios
O principal desafio para ampliar o desempenho da iniciativa, segundo Robson Veras, coordenador de Promoção de Trabalho e Renda da STDS, é superar a falta de condições dos municípios para realizar os cursos e engajar a população. Conforme ele, após as mudanças de gestão no início de 2012, muitas cidades ainda não reestruturaram totalmente os Centros de Referência Assistência Social (Cras), encarregados de executar as formações. São 373 unidades no Estado.

Embora o interesse dos gestores em aderir ao programa tenha crescido nos últimos meses, passando de 68 municípios, no início do ano, para 165, atualmente, Robson Veras destaca que a carência de equipes que façam o trabalho de articulação dos cursos é um dos principais motivos do atraso no preenchimento das vagas. “Além da adesão municipal, é preciso estruturar uma equipe com capacidade de convencimento para que a população perceba a importância de fazer o curso. A mudança das administrações municipais atrapalhou o ritmo do programa”, afirma o coordenador.

Robson Veras explica que as ações dos Cras são determinantes na tarefa de mobilizar as comunidades, a qual, segundo ele, é outro impasse para o andamento do Pronatec no Ceará. Por ser de baixa renda e precisar trabalhar em tempo integral para garantir o sustento, boa parte do público alvo do programa não pode se dedicar inteiramente aos cursos.

Na Capital, fazer com que a população tenha acesso ao Pronatec também é um desafio, como afirma Priscilla Borges, coordenadora da Gestão Integrada do Trabalho e Qualificação Profissional da Secretaria Municipal de Trabalho, Desenvolvimento Social e Combate à Fome (Setra). Segundo ela, apesar de possuir estrutura maior que no Interior do Estado, os Cras de Fortaleza ainda têm dificuldade de levar informações sobre as formações às comunidades.

Construção
Além disso, algumas qualificações esbarram na resistência da população e acabam tendo menor procura. Exemplos disso são cursos nas áreas de construção civil e transportes. “Esses setores não geram muita identificação por parte das pessoas e temos percebido que as vagas ficam ociosas”, afirma Priscilla.

Robson Veras pontua que, para tentar contornar os empecilhos, a STDS realizou, no último mês de maio, um seminário com o intuito de incentivar os municípios a participarem mais ativamente do Pronatec. Conforme ele, o evento teve resultados positivos, e a expectativa do órgão é que, até o fim do ano, todas as vagas desocupadas sejam preenchidas. Outra medida é a ampliar os aportes municipais necessários para oferecer e divulgar os cursos.

“Não é tarefa simples. Depende de uma série de fatores, desde o trabalho das equipes até o desejo das pessoas de participar. Nossa proposta é chegar às autoridades da assistência social nos municípios e fazer discussões locais para suprir a demanda de qualificações”, diz o coordenador.

 

Fonte: Diário do Nordeste
Foto: Reprodução

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