Ala improvisada no HGF será desativada em 90 dias, garante Ciro

Acontece

André Teixeira

“A gente quer saber quando é que o Governo vai fazer com que melhore isso aqui. Porque tá horrível o descaso. Um hospital desse aqui, tão grande, tão bonito e sem um atendimento que preste”. O desabafo é do vigia Raimundo Nonato Batista, de 47 anos. O belo hospital a que ele se refere é o Hospital Geral de Fortaleza (HGF); o descaso acontece na ala onde o pai de Nonato, um senhor de 73 anos, ficou internado até segunda-feira, 9: o conhecido “piscinão”, um amontoado de leitos, doenças e gente na emergência da unidade estadual, no Papicu.

O fim da ala, cobrado por Nonato e outros acompanhantes e pacientes ouvidos ontem pelo O POVO, deve acontecer até dezembro. Quem garante é o novo secretário da Saúde do Ceará, Ciro Gomes. “Tenho ordem do governador para resolver o problema e não posso demorar mais do que 90 dias. E eu quero garantir pro povo cearense que em 90 dias isso vai estar resolvido”, frisou, durante a posse dos novos secretários estaduais, segunda-feira passada.

A dúvida da costureira Luzivana Flávia Arruda, 36, é para onde irão os pacientes do “piscinão” caso a garantia do secretário se cumpra. Ela acompanha a mãe, de 60 anos, internada há nove dias na ala à espera de um leito. “Todos aqui fazem o possível e o impossível pra atender. O problema é a precariedade do local. É paciente diabético junto com paciente que teve AVC, tudo junto”, reclama.

No “piscinão”, que é dividido do acesso da rua à emergência do hospital por biombos, há pessoas esperando leitos em macas de ambulância. Os visitantes ostentam no peito adesivo indicando que visitarão paciente internado no corredor. Além disso, espaço para circulação ali é pouco, e os banheiros, relata uma paciente, são muito sujos. “O médico me disse: ‘eu sou vítima tanto quanto vocês’”, contou a senhora de 64 anos, que espera cirurgia há nove dias.

Fim do “piscinão”
Segundo o secretário Ciro Gomes, a resolução da ala improvisada do HGF virá com a “recomposição da estrutura da atenção básica e ambulatorial na rede pública de saúde” e com uma central de regulação de leitos. “Ao invés da população ir caoticamente pra onde ela acha que deve ir, ela vai ser referida pelo sistema pra ir pro leito esperando por ela”, explicou. Segundo o site da Secretaria da Saúde do Estado (Sesa), a Central de Regulação Estadual do SUS no Ceará funciona desde 2004.

O secretário criticou a rede de saúde municipal da Capital. “O sistema colapsou porque há 10 anos, em Fortaleza, não se realiza o que tinha que se realizar. 80% das demandas ambulatoriais têm que ter resolutividade no posto de saúde. E, na administração passada, foi desmantelado isso”, disse. “A menor culpa é do hospital que recebe as pessoas porque essas pessoas deviam estar sendo recebidas é na rede municipal, que foi colapsada”, reforçou, referindo-se, ainda, a Fortaleza.

 

Fonte: O Povo
Foto: André Teixeira/G1

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