O problema da falta de água em São Paulo vem se agravando a cada mês que se passa sem cair uma chuva na região. O que já estava preocupante vem ficando cada vez pior.
O mês de outubro, que marca o início do período chuvoso, foi o mais seco em 84 anos do Sistema Cantareira. Desde 1930, os rios que alimentam os reservatórios não registravam uma vazão tão baixa.
Enquanto a média é de 72,5 bilhões, entraram nos reservatórios somente 10,7 bilhões de litros em outubro. E mesmo com pouca água entrando, muita água continua saindo. 60,5 bilhões de litros deixaram as represas neste mês para abastecer 6,5 milhões de pessoas na Grande São Paulo que ainda dependem do Cantareira e mais 5,5 milhões na região de Campinas, no interior paulista.
Ou seja, o déficit de água alcançou 49,8 bilhões de litros, ou 5% da capacidade do sistema.
Esse agravamento da falta de chuva antecipou o fim da primeira cota do volume morto do Cantareira. inicialmente os 182,5 bilhões de litros da reserva profunda das represas captados desde maio não seriam usados integralmente. Depois, projetou-se que durariam até 21 de novembro, passando ao dia 15 do próximo mês na última simulação. Agora, a previsão é de que se esgote em uma semana.
A Sabesp usará uma segunda reserva, de 105 bilhões de litros, para manter o abastecimento na Grande São Paulo até março de 2015 sem precisar decretar racionamento oficial.
O que preocupa ainda mais é que a situação real está bem pior do que as projeções usadas pela Sabesp em seu plano de contingência.
O cenário mais pessimista do plano de contingência apontava que chegariam ao Cantareira 41,3 bilhões de litros, volume igual ao da seca de 1953, a pior da história até então, mas 285% superior ao que realmente chegou às represas. Se mantido o cenário atual, o segundo volume morto pode acabar no início de março.
A empresa ainda acredita que a volta das chuvas prevista pelos institutos para novembro, aliada às ações de contingência, podem elevar o nível do Cantareira para cerca de 40% da capacidade em abril.
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