Biomassa: 9,53% de toda a matriz energética do Brasil

EcoFriendly|Sustentabilidade

Você sabe o que é biomassa? Segundo Suani Coelho, coordenadora do Centro Nacional de Referência em Biomassa da Universidade de São Paulo (USP), Biomassa é toda matéria de origem vegetal ou animal que incluem resíduos, inclui plantações energéticas, inclui plantações de árvores, que podem ser também aproveitadas energeticamente e, até mesmo, resíduos sólidos urbanos, como, por exemplo, o lixo das cidades, resíduos rurais e resíduos de animais.

O Brasil é hoje o país que possui mais biomassa e com muito potencial. Essa biomassa já responde por 9,53% da matriz energética brasileira e é uma das principais linhas de pesquisa no país.

Os destaques vão para o bagaço de cana, resíduos florestais, lichivia, subproduto da indústria papeleira, biogás do lixo e de resíduos agropecuários, casca de arroz, entre outras fontes. Porém, segundo os cientistas, o potencial de exploração energética da biomassa do nosso país equivaleria a pelo menos quatro hidrelétricas de Itaipu.

A queima do bagaço de cana sozinha gera 10 mil megawatts. “Metade disso é para consumo próprio das usinas, mais ou menos metade é usada para ser exportada para a rede. Mas nós temos um potencial para dobrar essa exportação para a rede, portanto podemos ter mais de uma Itaipu sendo produzida e sendo injetada na rede”, aponta Suani Coelho.

biomassa_nopatio5

A exploração do gás do lixo, como já existe nos dois principais aterros de São Paulo, ainda é recente em nosso país. O Bandeirantes e o São João já foram desativados, mas continuam gerando aproximadamente 3% de toda a energia elétrica consumida na maior cidade do país.

No Rio Grande do Sul, uma fábrica de aveia descobriu, há três anos, que a casca do cereal descartada como resíduo poderia substituir o gás natural e desde então, 2.500 kg de casca são queimados por hora, gerando uma economia de 30% no consumo de energia.

“Essa economia, além das mais de mil toneladas de gás de efeito estufa que nós deixamos de pôr no ambiente, acaba tendo também uma economia real monetária e este é um bom exemplo em que nós produzimos de uma forma mais limpa e temos também o benefício econômico”, afirma o vice-presidente de operações da PepsiCo Brasil, Manuel Ribeiro.

A matriz da multinacional festeja o feito da filial brasileira. É a primeira unidade deles no mundo que apostou na casca de aveia e se deu bem. E o que vale para a casca de aveia, vale também para a casca de arroz.

biomassa_nopatio3

Na cidade de Alegrete, no Rio Grande do sul, uma fábrica recebe todo o arroz produzido em um raio de 200 km. Os grãos que chegam lá são divididos e têm dois destinos, O miolo do arroz vira alimento enquanto a casca se transforma em cinco megawatts de energia, o suficiente para abastecer, além da fábrica inteira, mais cerca de 14 mil residências.

E desse processo, que acabou sendo patenteado pela empresa, saiu um novo produto: a sílica ecológica, usada para engrossar a mistura de concreto e argamassa. “Hoje essa sílica é uma realidade da empresa e nós já estamos comercializando em todos os estados da Região Sul e, inclusive, no estado de São Paulo”, diz o engenheiro químico da empresa, Lucas Matel.

Essa biomassa tem um poder energético tão importante que se tornou uma das principais linhas de pesquisa da Embrapa Bioenergia, em Brasília. Em uma parte do laboratório são guardadas amostras de biomassa que estão sendo investigadas pelos pesquisadores, como o cavaco de madeira, que é um resíduo muito comum na indústria de papel e celulose no Brasil, e o capim elefante, que já é fonte de energia na Bahia.

biomassa_nopatio4

No Rio Grande do Sul, as mais conhecidas são a casca de arroz queimada, que vira energia renovável, o bagaço de cana. As pesquisas têm como objetivo abrir novos caminhos no mercado para essas e outras fontes de energia vegetais. Todas as amostras do laboratório são trituradas em máquinas especiais. Depois, esses equipamentos medem o quanto de energia cada uma é capaz de gerar.

Os resultados vêm sendo bons. “A grosso modo, falando, a gente poderia, com as tecnologias que temos hoje, talvez ter mais duas ou três ou mesmo quatro Itaipus de biomassa. Em uma época em que a energia está tão cara e tão escassa, isso faz diferença”, diz o pesquisador da Embrapa Agroenergia em Brasília, José Dilce Rocha.

 

Fotos: Reprodução

Inscreva-se na nossa newsletter