Mais de 200 artigos científicos sobre a Amazônia e sua relação com o clima e as chuvas no Brasil foram analisados pelo pesquisador Antônio Nobre, do Centro de Ciência do Sistema Terrestre (CCST), braço do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e a conclusão foi de que o desmatamento dessa região influencia a falta de água sentida nas regiões mais populosas do país, incluindo o Sudeste.
O estudo apontou que a diminuição da quantidade de árvores no bioma impede o fluxo de umidade entre o Norte e o Sul do país.
Segundo Antônio Nobre, a falta de chuva, que ultimamente vem sendo sentida principalmente no Sudeste, especialmente em de São Paulo, seria consequência indireta do desflorestamento amazônico. Desde o início da década de 1970 até 2013, a exploração madeireira e o desmatamento gradual retiraram do bioma 762.979 km² de floresta, área equivalente a duas Alemanhas. Os dados referem-se ao desmate total (chamado de corte raso).
O fluxo de umidade do solo para a atmosfera é interrompido pela retirada da cobertura vegetal. Desta forma, as grandes nuvens de umidade, responsáveis pelas chuvas, que são transportadas pelos ventos desde a Amazônia até o Centro-Oeste, Sul e Sudeste brasileiros, não “seguem viagem”, causando a escassez hídrica.
“A estação seca está se estendendo por maior tempo nas regiões mais desmatadas e as nuvens de chuva dos rios aéreos não estão chegando, a partir da floresta ainda existente, em áreas que anteriormente chegavam. Esse efeito tem conexão direta com o desmatamento”, disse Nobre ao site G1. “As regiões mais desmatadas são a saída dos rios aéreos da Amazônia para o resto da América do Sul Meridional”, complementou.
Segundo investigação, a Amazônia libera na atmosfera 20 trilhões de litros de água transpirada por dia.
A pesquisa apresentou ainda algumas soluções para evitar a descontinuidade no fluxo de umidade e reduzir o agravamento da seca no Brasil. Uma delas é zerar o desmatamento na Amazônia. Porém, isso parece longe de acontecer.
Outras soluções apontadas no estudo são: popularizar os fatos científicos que explicam a importância do bioma para o clima; reduzir as queimadas que atingem a região, recuperar as áreas desmatadas com replantio de novas florestas, e contar com “esforços de guerra” do governo e da sociedade para financiar ações de preservação e conter o avanço da degradação.
“O diagnóstico é muito sério, as ameaças são reais e as soluções ainda estão ao alcance para reverter este quadro”, finaliza o pesquisador.
Nós já falamos aqui, mas não custa repetir, vamos cuidar do nosso meio ambiente, quando ele perde quem paga o preço maior sofrendo as piores consequências somos nós mesmos.
Fotos: Reprodução