Musicomania: Conheça Filipe Catto

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Já antecipando as novidades de 2015, essa é minha estreia como colunista aqui no Portal No Pátio! E vou trazer sempre novidades musicais de todo tipo para vocês. Para começar, quero falar de um moço cujo trabalho conheci e  foi tipo, amor à primeira ouvida!

Ele é jovem, mas já tem uma responsabilidade imensa: a de ser uma das grandes novas relevações da Música Popular Brasileira. Gaúcho, da cidade de Lajeado, Filipe Catto possui um timbre de voz peculiar, mais agudo, suave, que lhe confere uma forma inconfundível de cantar e deixa aqueles que o escutam pela primeira vez intrigados. “Será que é uma mulher cantando?”, “Tenho certeza que é um homem que canta!”, “Parece o Ney Matogrosso cantando!”, “De quem é essa voz?”. Assim é a reação ao tom de Filipe. E tudo isso com um quê de Jack White ou mesmo Johnny Depp.

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Desde criança, Filipe foi cercado pela música. Seu pai era instrumentista em uma banda de baile, então era difícil ter outra carreira para Filipe seguir. Em 2009, com a ajuda da toda poderosa internet, ele lançou seu primeiro EP: Saga e disponibilizou para download gratuito. Sucesso de público, Filipe era agora músico profissional.

[youtube width=”850″ height=”520″]https://www.youtube.com/watch?v=2XDNyGZO6Pg[/youtube]

Em 2011, a canção virou trilha sonora da novela Cordel encantado, e consolidou a carreira de Filipe, que lançou no mesmo ano o disco Fôlego, que emplacou outra canção em trilhas sonoras de novelas: Adoração tocou em Saramandaia. Mais tarde, outra música de Filipe, a versão que ele fez para Flor da Idade, de Chico Buarque, entrou na trilha de Joia Rara, que levou o Emmy de melhor novela.

[youtube width=”850″ height=”520″]https://www.youtube.com/watch?v=DN8sgFq4aSE[/youtube]

O disco contou ainda com versões incríveis – ao menos para mim – de duas músicas que precisam de um mínimo de ousadia e coragem daqueles que topam o desafio de regrava-las. Uma delas é Ave de Prata, sucesso de Zé Ramalho, também conhecido na voz de Elba Ramalho. A outra, bom, a outra é Garçom, clássico da música romântica e braga brasileira, de Reginaldo Rossi, que na voz de Filipe Catto virou um melodioso blues, um lamento, uma dor pela perda da mulher amada. Apenas incrível:

[youtube width=”850″ height=”520″]https://www.youtube.com/watch?v=3K3zG36F_WE[/youtube]

Carreira
Fiz uma entrevistinha com Filipe, falando de carreira, influências e tudo mais que mostra toda a simplicidade que há por trás de tanta força vocal. Confira:

No Pátio: Do lançamento de “Saga”, em 2009, para cá, como você vê sua carreira?
Filipe Catto: Eu vejo como uma construção diária, com muito trabalho, muito sangue e muita dedicação. A gente que está dentro da coisa não consegue ver exatamente como o trabalho reflete, porque fazer demanda muito. Eu estou muito feliz com as conquistas, muito grato ao público que vem me acompanhando dia a dia.

NP: Qual a sensação de praticamente estrear no grande mercado fonográfico já com uma música na novela?
Filipe: Na verdade foi muito inesperado, e também muito natural. Nunca imaginei essa estrutura toda, porque não imaginava que o grande mercado se interessaria por alguém como eu, muito menos em uma música como Saga que tem uma letra de 5km. Eu sempre acreditei e continuo trabalhando muito nas redes sociais, na interação e nos shows, para construir um público sólido e uma carreira consistente… Estar no mercado fonográfico e na televisão hoje não significa mais o que significava há 20 anos. Tem que se ralar muito pra tocar neste país.

NP: O que uma canção precisa ter para lhe tocar?
Filipe: É meio inexplicável, depende muito. Mas geralmente é pela letra, pelas palavras. Eu canto o que poderia ou gostaria de ter escrito.

NP:  Como você encontra novos ritmos? Você é do tipo que fica pesquisando novas bandas na internet, se volta mais para músicos de antigamente, como funciona seu processo criativo?
Filipe: Eu não pesquiso compulsivamente, mas por acompanhar o mundo da música a gente se depara com as novidades naturalmente. Eu adoro o circuito das bandas, dos novos artistas, adoro viver e trabalhar neste momento da música onde as barreiras estão indo abaixo e um monte de gente criativa está fazendo som. Não faço muita distinção dos clássicos para os contemporâneos. Eu gosto de música, de música bem feita independentemente de cor, credo, sexo ou religião (risos).

NP: Como é estar entre cabelos, olhos e furacões?
Filipe: É muito doido. No caso, entre cabelos olhos e furacões é uma analogia do palco, né? Eu sou do palco, vivo do palco, me nutro disso. Só faço música pra estar no palco.

NP: Como ritmos como o bolero e o tango entraram na sua formação musical?
Filipe: Eu tenho uma ligação profunda com a música latina, talvez por ser gaúcho e isso ser muito natural no RS… ouvia sempre músicas em espanhol, adorava… e acho que a potência e a visceralidade destes ritmos dizem muito respeito à minha personalidade. Existe uma coisa meio trágica no bolero, no tango, no samba-canção… tanto quanto no Rhythm n´blues e no Rock. Essa força inerente à música me interessa muito mais do que os gêneros. Os gêneros são as roupas que as canções vestem, eu me interesso no que está dentro disso.

NP: Que música você gostaria de ter composto? E tem algum músico com quem você sonhe compor/gravar junto?
Filipe: Várias, mas amo Hallelujah, do Leonard Cohen, acho uma das coisas mais lindas do universo. E sobre músicos, eu também poderia ficar vinte dias falando sem parar. Estou muito interessado nos meus contemporâneos, no que o presente tem a dizer. Então acho importante falar dessa galera, cantar Pélico, Alice Caymmi, olhar para as composições maravilhosas do Alexandre Kumpinski (Apanhador Só) com nobreza, porque a gente ainda está muito preso às tradições. E essa geração é ímpar, diferente de tudo, muito poderosa e merece ser cantada, gravada, virada do avesso.

NP: Você acredita na expressão “nova geração da MPB” ou acha que isso é apenas um rótulo?
Filipe: Acredito na música e no presente. Acho que a MPB em si é uma sigla meio absurda hoje em dia, porque a música Popular está longe se ser a MPB. A MPB virou algo elitizado, antigo, e eu sinto que a minha geração não está neste lugar. Os valores mudaram, e a música também está mais livre, mais plural, mais cheia de possibilidades. E também menos popular. Então são muitas contradições… prefiro chamar de música contemporânea, simples assim.

Em 2013, Filipe lançou seu primeiro álbum ao vivo intitulado Entre Cabelos, Olhos e Furacões, e ouso dizer que é uma das melhores coisas que ouvi este ano. Para finalizar minha estreia como colunista, deixo vocês com minha música preferida de Filipe – Adoração, na versão ao vivo:

[youtube width=”850″ height=”520″]https://www.youtube.com/watch?v=tLQAjwNiLdA[/youtube]

 

Espero que tenham gostado da minha coluna e aguardo vocês pra muito mais novidades musicais, sempre aqui, No Pátio!

 

Fotos e Vídeos: Reprodução

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