Após o surto de ebola na África no ano passado, a Organização Mundial da Saúde (OMS) confirmou nesse mês, janeiro, os planos para começar já nas próximas semanas um teste de vacina contra ebola em massa na Libéria, em Serra Leoa e Guiné. A escolha por esses países não foi à toa, já que eles foram os mais afetados pela epidemia que deixou mais de oito mil mortos.
As vacinas VSV-Ebov foram desenvolvidas no Canadá e estes testes, que vão contar com a participação de 37 mil pessoas, fazem parte da “fase 3” dos ensaios clínicos com a vacina.
“A terceira fase dos testes significará administrar a vacina em voluntários saudáveis na área onde o vírus está sendo transmitindo. Isto é o que realmente provará que funcionam”, disse Marie-Paule Kieny, diretora-geral adjunta da OMS.
Segundo Kieny, a “fase 2” dos testes será executada paralelamente a terceira e será feita com uma quantidade maior de pessoas do que a da primeira. Ela incorporará grupos específicos, como crianças, que não estão expostas ao vírus e acontecerá nos países do entorno de Serra Leoa, Libéria e Guiné.
Na semana passada a OMS convocou uma reunião com especialistas em vacinas do mundo todo, por teleconferência, que avaliaram os resultados preliminares dos ensaios clínicos em andamento e consideraram que as duas vacinas cumprem com os critérios de segurança. A avaliação está focada agora em determinar o nível de resposta imunológica que elas provocam no organismo dos que a recebem para poderem assim adequar a dosagem.
O Hospital Cantonal de Genebra é quem realiza o ensaio mais amplo com a vacina e, depois que vários voluntários se queixaram de dores nas articulações dias após ter recebido a vacina, ele foi suspenso temporariamente no mês passado.
O teste foi retomado no começo desta semana, porém com uma dose muito menor do que a usada originalmente.
Os especialistas também receberam, durante a reunião, informações sobre outras potenciais vacinas que estão em desenvolvimento em Estados Unidos, Rússia e China.
A forma de determinar se as vacinas funcionam ou não será comparando o número de casos em uma população vacinada com os de uma população que ainda não foi e, para isto, “é preciso certo número de casos, pois não se pode comparar um com zero”, explicou a diretora-geral adjunta da OMS.
De acordo com o último relatório da OMS, o único país onde é observada realmente uma queda dos níveis de transmissão do vírus do ebola é a Libéria. Já no país mais afetado atualmente, Serra Leoa, os dados apontam a uma estabilização.
A situação é oscilante em Guiné, mas não há sinais de que a epidemia esteja controlada, pois a presença do vírus se estende geograficamente e uma das cidades informou seu primeiro caso recentemente desde o início do surto do ebola, em março do ano passado.
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