Nós já falamos na nossa matéria “Epidemia das cesarianas” sobre o número absurdo e alarmante desse tipo de parto que está acontecendo no nosso país.
Como dissemos na matéria, o parto cesárea deve ser escolhido apenas se for realmente necessário. Porém, mesmo com os riscos que ele pode trazer, pela comodidade do agendamento com hora marcada com antecedência, muitos médicos estão optando pela cirurgia na hora de fazer os partos.
Esse alto número de cesarianas vem preocupando muito o Ministério da Saúde. Mas, essa alta incidência de partos cesarianos não é somente culpa dos médicos. Muitas mulheres vêm optando pela cirurgia por medo de sentirem dor no parto normal.
De acordo com estudos da Fiocruz, no Rio de Janeiro, o medo é realmente comum.
Para a pesquisa a Fundação utilizou dados de 24 mil gestantes de 226 maternidades privadas e públicas do país. A conclusão foi que, no Brasil, o medo é o maior motivo que leva as gestantes a escolher a cesárea.
Entre as mães de primeira viagem da rede pública, 83% disseram que o medo da dor do parto normal era o principal motivo para preferir a cesárea. Já na rede particular, 69% das entrevistadas disseram a mesma coisa.
Outros motivos citados pelas gestantes para a escolha da cesárea foram relatos de amigas e familiares e problemas de saúde. Além disso, as mulheres que são atendidas na rede privada afirmaram que a cesárea traz maior segurança para o bebê.
Para Rosa Domingues, uma das autoras do estudo, a dor existe, mas a questão é como lidar com ela. Porém, de acordo com a pesquisa, menos de 5% das mulheres utilizaram recomendadas pela Organização Mundial da Saúde para uma assistência adequada ao trabalho de parto.
Ela cita ainda o exemplo da Inglaterra. Lá as gestantes fazem cursos sobre como amenizar as dores do parto com massagens, água quente, caminhadas e anestesia.
Domingues lembra que quem opta pelo parto cesárea não está completamente livre de dores e que a troca do parto normal pela cirurgia nem sempre é feita de maneira bem esclarecida.
A pesquisa também mostrou que quase 70% das mulheres tinham como preferência inicial o parto normal. Porém, o baixo número desse tipo de parto mostra que essa escolha não vem tendo tanto apoio.
Rita de Cássia Sanchez, coordenadora da maternidade do hospital Albert Einstein, diz que as gestantes precisam ser informadas que existem formas de amenizar a dor do parto e que elas não precisam ter medo disso. E ainda questiona, “Será que não é o médico quem está gerando insegurança para a gestante?”.
Então, futuras mamães, antes de escolherem a forma pela qual seus filhos serão colocados no mundo, pesquise, leia e se informe bem sobre as duas opções.
Se o seu médico bater o pé dizendo que não faz parto normal de forma alguma, você tem todo o direito do mundo de mudar de médico.
Escolha o que for melhor para você e para o seu bebê!
Fotos: Reprodução
