Você sabia que 16% do território nacional está correndo risco de desertificação? Foi o que revelou uma pesquisa divulgada na última quarta-feira, 16, em um estudo sobre Desertificação, Degradação das Terras e Seca no Semiárido Brasileiro. A pesquisa foi lançada justamente no Dia Mundial de Combate à Seca e à Desertificação, data criada para debater questões relacionadas à estiagem.
A data foi criada pela Organização das Nações Unidas (ONU) para promover a conscientização sobre o problema, que atinge 42% das terras do planeta e 35% da população mundial. As consequências desse processo climático, agravado pela interferência humana, vão desde a diminuição da fertilidade dos solos à redução da disponibilidade hídrica. A desertificação pode transformar grandes áreas, antes produtivas, em desertos e colocar em risco a vida nessas regiões.
Segundo Antônio Magalhães, pesquisador da CGEE, medidas precisam ser tomadas para evitar que a situação brasileira se agrave. “A preocupação com a sustentabilidade precisa ser internalizada nessas regiões. O enfrentamento da seca inclui a questão cultural, uma mudança de comportamento de todos que têm o poder de interferir no meio ambiente. Esse comportamento é influenciado pelo interesse econômico de curto prazo. Cortar as árvores para vender a madeira dá lucro no curto prazo, por exemplo, embora a longo prazo dê prejuízo porque pode inviabilizar toda uma área.”
De acordo com o pesquisador, ao longo de mais de 100 anos, o Brasil ganhou experiência no enfrentamento à seca e já possui tecnologias para amenizar os efeitosdestas estiagens. “Há boas iniciativas, como as da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa Semiárido), há muitas coisas boas sendo feitas que não se transformam em implementação. O problema exige políticas públicas de curto, médio e longo prazo, que envolvam tanto esse lado de mudança cultural, por meio da educação, quanto medidas punitivas, como por exemplo a inviabilidade de crédito bancário para quem não adota as melhores práticas.”
O pesquisador também fez questão de ressaltar que programas como o Bolsa-Família são, indiretamente, uma forma de apoio e combate à seca. “A história do combate à seca está muito centrada no combate à miséria na Região Nordeste. Ao longo de um século, as frentes de trabalho do governo na região conseguiram criar infraestrutura de abastecimento de água e oportunidades de trabalho que aumentaram gradativamente a renda no semiárido. E, atualmente, apesar de não ser específico para a seca, o Bolsa Família, ao distribuir renda, também cumpre esse papel de garantir o mínimo para as famílias da região.”, concluiu.
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