É muito raro ver legumes e verduras sendo saboreados por crianças como um alimento favorito. Com a intenção de mudar esta conjuntura, um novo estudo sugere que para que a criança venha a gostar desses alimentos no futuro, é extremamente importante ofertá-los assim que ela começa a comer.
A pesquisa chamada de “An exploratory trial of parental advice for increasing vegetable acceptance in infancy” (um teste de recomendações aos pais para aumentar a aceitação de vegetais na infância) foi feita em parceria pelas universidades do Porto (Portugal), Atenas (Grécia) e College of London (Grã Bretanha), tendo como objetivo analisar as recomendações sobre a alimentação para bebês sugeridas pelo governo e por médicos nesses três países.
Os pesquisadores reuniram aleatoriamente grávidas e mães de bebês com menos de seis meses nos três países, dividindo as 139 famílias em duas turmas. Os pais do primeiro grupo receberam a orientação específica – e assistida – de dar cinco verduras e legumes aos filhos uma vez por dia, durante duas semanas.
Entre as recomendações estava preparar alimentos diferentes, e não apenas oferecer batata e cenoura, como costuma acontecer. Após esse período, eles deveriam acrescentar frutas à alimentação dos pequenos. Já aos pais do segundo grupo, foram dadas as recomendações convencionais do governo, variando de país para país.
Na Grécia e em Portugal, os bebês de ambos os grupos comeram porções semelhantes de frutas e hortaliças menos comuns, como purês de pêssego e papinhas de alcachofra. Na Grã-Bretanha – país em que o governo recomenda que na introdução desses alimentos na dieta dos bebês se misture um produto industrializado à base de arroz e outros cereais (chamado baby rice ou baby cereal), as crianças do primeiro grupo comeram quase o dobro de frutas e legumes menos comuns do que os bebês do outro grupo.
“Quando os pais britânicos oferecem legumes e verduras para seus bebês, eles normalmente misturam com frutas, como maçã e pera, para adoçar a papinha e marcar o sabor desses vegetais”, afirma Alison Fildes, pesquisadora da Universidade College of London e uma das responsáveis pelo estudo.
De acordo com a pesquisadora, essas diferenças podem refletir em hábitos alimentares futuros, mas ainda são necessárias outras pesquisas para determinar se essa mudança pode ter efeito além da primeira infância.