Um dos assuntos mais discutidos atualmente quando se fala em produção agropecuária é a sustentabilidade. Durante a crise da água de 2014, muito se acusou a agricultura e a pecuária de consumirem desenfreadamente os recursos naturais – principalmente a água potável – para a criação de animais e produção de alimentos.
Entretanto, os fazendeiros começam a despertar para a importância da sustentabilidade em seus projetos. No Mato Grosso, por exemplo, os pecuaristas estão desenvolvendo uma pecuária sustentável, que recupera as florestas degradadas pelo antigo modelo de produção e que está sendo ainda mais lucrativa que a pecuária comum.
No município de Alta Floresta, detentora de um dos maiores rebanhos de bovinos do Brasil, por exemplo, o que vemos é uma realidade bem diferente da existente do antigo modelo de produção pecuarista. Cada fazenda, atualmente, emite metade do volume desses gases que a média mesmo colocando três vezes mais bois a cada hectare de pastagem. Milagre? Claro que não. Trata-se de um programa desenvolvido na região pelo Instituto Centro de Vida, em parceria com a Embrapa, o Imaflora, entre outros parceiros.
Através dele, os fazendeiros passam por programas de treinamento e submetem seus funcionários ao mesmo treinamento. Além disso, eles investem na recuperação de áreas desmatadas. Com isso, o capim utilizado nas pastagens vem de áreas recuperadas, portanto cresce mais saudável e com mais nutrientes. Bebedouros foram instalados para garantir que os animais tenham água fresca sem precisar recorrer às nascentes e riachos próximos, além de evitar que eles pastem em áreas de preservação ambiental. E segundo estudos, há uma ligação direta entre o ganho de peso do animal e a disponibilidade de água e sombra, ou seja, com o sistema de capim recuperado e bebedouros, os animais ganham, em média, 29% de peso diário a mais do que no sistema tradicional.
Já em uma fazenda de Rondonópolis, o sistema adotado foi o de rotação de pastagens, que separa o pasto em seis áreas que são cercadas e permitem que o rebanho paste em apenas uma delas de cada vez por poucos dias. Dessa forma, o capim que está descansando pode crescer com vigor até servir de alimento novamente. Isso faz com que a ocupação da pastagem aumente de meia cabeça de gado por hectare para quatro, com um ganho de peso diário de 650 gramas. Ou seja, maior quantidade de bois por hectare com retorno garantido e preservando o meio ambiente.
Com práticas deste tipo, é possível desenvolver uma pecuária sustentável e manter a economia agropecuária sem contribuir para o efeito estufa ou agravar ainda mais a crise hídrica brasileira.
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