Política, futebol e religião não se discute, certo? Até deveria ser assim, mas na prática não é bem o que acontece. Quando o assunto é politica, por exemplo, a maioria das pessoas têm mentalidade de “torcida de futebol”, e outros têm mentalidade “de religião”. Eles acham que ser “de esquerda” é obrigatoriamente ser do PT, ou do PSTU, ou do PSOL, ou do PDT ou de qualquer partido já existente. E ser “de direita” é obrigatoriamente ser do PSDB, ou do DEM, etc. E muita gente ainda acha que ou você é “de direita” ou você é “de esquerda”, e você não pode ter outras opções de ideias políticas, daí se instala o caos e começam os desentendimentos.
Imagine viver num lugar em que a política é feita do povo e para o povo, em que não há religião oficial e o dinheiro é mero detalhe. Parece conto de fadas, mas essa é uma boa descrição da comunidade indiana de Auroville.
Oficialmente reconhecida como cidade pelo governo da Índia e pela Unesco, Auroville foi fundada em 1968 pelo casal Sri Aurobindo e Mirra Alfassa, ele indiano e ela francesa. No dia da inauguração da comunidade aconteceu uma coisa linda, pessoas de todos os cantos do mundo levaram terra de seus países nativos para simbolizar a união de todas as nações.
Completamente autossustentável, a cidade tem campos cultiváveis, pequenas fábricas, restaurantes, padarias, hospitais, escolas e cinemas, além de um pequeno jornal local, tudo alimentado por energia solar. E não há escassez de profissionais! Lá, moram arquitetos, cientistas, médicos e artistas de todos os tipos, de escritores e poetas a escultores e pintores.
O melhor de tudo é que a política também depende da comunidade. Não existem prefeitos, governadores ou secretários por lá. Sempre que surge um problema, uma assembleia é convocada e os cidadãos da comunidade elegem um conselho que remediará o problema. Também não há religião oficial. Os residentes em Auroville são livres para exercer seus rituais e acreditar no que quiserem, desde que não incomodem ou tentem pregar suas crenças aos concidadãos.
Atualmente há cerca de duas mil pessoas que moram na cidade, quem tem capacidade de receber até 50 mil moradores. A maioria dos habitantes de Auroville é indiana, mas há gente da França, da Alemanha, de Israel, dos Estados Unidos, da Rússia e até mesmo do Brasil. Para morar lá, o interessado precisa apenas comprar uma casa. As residências não ultrapassam o preço de três mil dólares – cerca de R$12 mil. Caso o novato não tenha condições de comprar a casa, pode conversar com a comunidade e realizar trabalhos extras para abater o preço.
Não é demais? Dá até vontade de colocar a hashtag #patiuAuroville, se despedir dos amigos e ir direto para a Índia.
Fotos: Reprodução.