Em quatro décadas, cientistas do Global Coral Reef Monitoring Network estudaram 90 locais diferentes do Caribe e examinaram corais, algas, ouriços, moluscos e peixes. Disso veio a infeliz constatação: resta somente 1/6 da cobertura original de corais do mar caribenho. E isso por enquanto, pois se nada for feito nos próximos 20 anos os recifes dessa região podem vir a desaparecer totalmente.
Porém, no que depender do biólogo marinho Andrew Ross e seu trabalho isso não chegará a acontecer. Ele desenvolveu um projeto de recuperação de corais, exatamente como se ele estivesse reflorestando o solo marinho. “O processo é freqüentemente chamado de jardinagem de corais e é análogo à silvicultura, a restauração de habitats florestais”, explicou.
O biólogo tem uma empresa que trabalha com berçários de corais, a Seascape Caribbean, e conta como funciona, “Colhemos pequenas quantidades de material vivo dos recifes selvagens. Estas mudas crescem e se propagam em nossos viveiros até que uma grande quantidade de novos corais seja gerada”.
Nestes berçários, os corais encontram um ambiente propício para se propagar mais rapidamente e em segurança, longe de alguns de seus principais inimigos naturais, como algas, sedimentos, lesmas e vermes predadores. Este processo leva em média de 10 a 12 meses e após isso os corais são replantados no solo do oceano, onde conseguem restaurar o ecossistema.
Os viveiros costumam ser montados próximos aos locais onde será feito o replantio dos novos corais. “Assim utilizamos plantas locais e adaptadas às condições daquele lugar”, explica o biólogo.
Para que o crescimento desses recifes seja de forma mais acelerada, Ross e sua equipe usam espécies que eram as mais comuns até os anos 80. Hoje é encontrado na região apenas 5% deste tipo de coral, mas essa escolha tem uma explicação, “Elas aumentam rapidamente de tamanho e se fragmentam naturalmente como parte deste crescimento, o que é ótimo para a cultura dos viveiros”.
Além da passagem do Furacão Allen, em 1980, que dizimou os recifes de corais, nós também temos muita culpa da atual situação dos corais nos mares caribenhos. Foram anos de pesca predatória sem nenhum tipo de regulamentação, esgoto sendo jogado no oceano, além de dejetos e lixo despejados no mar.
Quando uma espécie animal desaparece do seu ecossistema, acontece um desequilíbrio ambiental. Não é só a espécie que some que é prejudicada. Todas aquelas espécies que se alimentam da que sumiu, ou que dependem dela mesmo que indiretamente, também sofrem severas consequências.
No caso do mar do Caribe muitos peixes típicos da região, que dependiam dos corais para se alimentar e proteger, também sumiram, como o Parrot Fish, uma espécie herbívora, que come algas. Sem ele, há um crescimento desordenado de algas, que sufocam e matam os corais. É um ciclo de desequilíbrio que acaba com a vida marinha daquele local.
“O mar caribenho, de águas tropicais e rasas, tem um ecossistema muito dependente dos recifes. E tanto a pesca com o turismo interferem diretamente na saúde do corais”, alerta Andrew Ross.
O cartão postal do Caribe são suas praias, onde turistas podem mergulhar e observar a beleza e a cor dos peixes e corais, sendo assim, alguns hotéis da região já se deram conta de que seu negócio só sobreviverá a longo prazo se houver vida submarina abundante e saudável.
Pensando nesse futuro e de olho no turismo sustentável, o Goldeneye Hotel e Resort, na praia de St. Mary, investiu em um berçário, em parceria com a Seascape Caribbean. Lá, os visitantes podem participar do projeto, plantar um pedaço de coral e depois acompanhar através de fotos, enviadas por e-mail, o crescimento da nova vida.
Confira vídeo que fala mais sobre o projeto (em inglês)
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Este é um exemplo de iniciativa onde o meio ambiente sai ganhando mas os outros também se beneficiam, turistas, podendo vivenciar experiências novas e incríveis, e hotéis, com mais um atrativo para qe não lhe faltes hóspedes.
Fotos e vídeo: Reprodução