Brasil menos corrupto? Pelo menos no que diz respeito a percepção da corrupção no setor público do Brasil que vem melhorando ligeiramente ano a ano. Um ranking global divulgado nesta quarta-feira (4) coloca o país em 69º lugar entre 176 países pesquisados. Isso não muda muita coisa na prática, o problema ainda é endêmico no país, segundo avaliação de um representante da ONG Transparência Internacional.
“A corrupção é algo que sempre houve, não surgiu agora. É um problema endêmico, mas tem havido uma ligeira melhora ao longo dos últimos dez anos. Se o país continuar no caminho atual, com mudanças na lei e castigos aos corruptos, acredito que vai haver uma melhora, refletida no ranking a partir do próximo ano”, afirmou à BBC Brasil o diretor da TI para as Américas, Alejandro Salas.
O melhor resultado foi obtido pela Dinamarca, que tem a menor percepção de corrupção do mundo, seguida de Finlândia e Suécia. Já no outro extremo está a Somália, país com a mais alta percepção de corrupção, segundo a Transparência Internacional (TI). Mudanças contínuas na metodologia e no número de países incluídos na lista impedem uma comparação de resultados ano a ano. Mas a organização vê a situação no Brasil com viés positivo.
Para Salas, a Lei da Ficha Limpa e o acesso às informações públicas (Portal da Transparência) são ações que aumentam a transparência e a prevenção à corrupção. No caso da condenação pelo Supremo Tribunal Federal (STF) de réus poderosos no processo do mensalão, o fato pode aumentar a percepção do problema por conta de sua exposição na mídia, mas têm também um efeito importante para prevenir novos casos.
“Se um prefeito de uma cidadezinha pequena do Brasil, por exemplo, vê que uma pessoa tão poderosa quanto (o ex-ministro condenado no caso do mensalão) José Dirceu pode terminar na prisão, vai pensar duas vezes antes de cometer um ato de corrupção”, afirma.
“A punição é um fator muito importante, porque em muitos países as mudanças positivas na lei não são acompanhadas de punições”, complementa.
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