Capital ganha 6,5 mil veículos ao mês

Acontece

Hoje, a frota de Fortaleza é composta por 869 mil veículos, sendo 491,9 mil carros e 215,8 mil motos

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Em dez anos, entre 2003 e 2013, a frota de Fortaleza mais do que dobrou, passou de 422,4 mil para 869 mil até junho deste ano. Desse total, 491,9 mil carros e 215,8 mil motos, entre outros tipos de veículos. Por mês, aponta o Departamento Estadual de Trânsito (Detran/CE), foram implantados uma média de 6,5 mil novos veículos somente na Capital de janeiro a junho de 2013. No Estado, esse número chega a 15,6 mil mensalmente. No Interior, dos 9 mil veículos/mês, 90% são motos.

Por esta razão, no Ceará, as motocicletas são a maioria absoluta. De acordo com dados do Detran, a diferença chega a 17,8% a mais entre um e outro: são 836 mil carros e 985,1 mil motos. Se computados somente o Interior, a discrepância é imensa: 123,5% – 769,2 mil contra 344,1 mil. Outra informação divulgada pelo Detran é sobre a distinção na frota entre municípios. Enquanto Fortaleza possui 38,51% do total geral do Estado, Granjeiro, com apenas 326 veículos detem 0,01%.

O resultado de tantos carros e motos na Capital cearense é notado no cotidiano da população, onde não só a mobilidade urbana está cada vez mais complicada, como também, a violência do trânsito. Segundo dados do Instituto José Frota (IJF), entre maio e julho deste ano, o hospital atendeu a 5.910 vítimas de acidentes. Número 43,6% superior a 2012, quando 4.116 pessoas foram atendidas.

Entre as vítimas, o mestre de obra, José Francisco da Silva, 41. Em junho, quando saiu de casa, na Rua Barbacena, no Parque Dois Irmãos, de moto, em direção à Avenida dos Expedicionários, foi “fechado” por um táxi que jogou o veículo em cima de um carro particular. “Resultado, quase perdi a perna esquerda, passei um tempão no Frotão e só escapei por pouco. Hoje, agradeço a Deus”, conta.

Planejamento
Na avaliação do coordenador do Núcleo de Atuação Especial de Controle, Fiscalização e Acompanhamento de Políticas do Trânsito (Naetran) do Ministério Público Estadual (MPE), Gilvan Melo, a frota de veículos em si não é motivo para o caos que enfrentamos todos os dias. Para ele, a falta de planejamento estratégico tanto da infraestrutura urbana quanto da fiscalização contribui quase 100% para os transtornos. “É um descaso total, aliado aos motoristas que não respeitam nem a si mesmos e essas obras sem fim”, aponta.

A Prefeitura de Fortaleza promete melhorias a partir das intervenções, como túneis, viadutos e obras, do Programa de Transporte Urbano de Fortaleza.

Para o especialista em Psicologia Clínica e do Trânsito, José Wagner de Paiva, campanhas de conscientização devem ser cada vez mais realizadas. “Não podemos nos esquecer que o condutor é quem está no volante, e depende dele o respeito às leis do trânsito para evitar tantos acidentes absurdos”.

Para o engenheiro de transportes José Flávio Dutra, os buracos, vias sem sinalização, obras e mais obras sem prazo de conclusão cumprido, falta de fiscalização e motoristas indisciplinados e sem respeito à legislação de trânsito também motivam problemas. “Basta percorrer a cidade, ou pelo menos, tentar. O trânsito é confuso em quase todos os lados”, diz.

Na avaliação da arquiteta e urbanista Mariana Carvalho, chegamos numa encruzilhada. “Ou se começa para valer a investir no transporte público de qualidade ou o colapso nas grandes cidades é iminente”, afirma.

Ela indaga “olhe em volta, observe a rua. O que você vê?”. E responde: o espaço público está ocupado por carros. Os transportes públicos, calçadas e ciclovias, juntos, somam menos de 10% deste espaço.

Para ela, a infraestrutura viária é fator determinante do planejamento físico e territorial e, com a pressão exercida pelo crescimento vertiginoso da frota, grande parte do investimento público é destinado a este modo de transporte privado. “Precisamos saber priorizar o coletivo”.

 

Fonte: Diário do Nordeste
Foto: Reprodução

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