Vivemos em um mundo onde a internet quase que reina absoluta e, para o bem ou para o mal, tornou-se quase impossível viver sem ela, certo? O termo “viralizar” significa tornar-se viral, ou seja, espalhar-se rapidamente como um vírus. Mas até que ponto deixamos de viralizar risadas, compartilhar coisas boas e estamos espalhando doenças verdadeiras, epidemias em proporções épicas? Para quem já foi atingido pelo Cyberbullying , a resposta é mais do que clara: sim, a internet espalha doença, tristeza e dor.
Para muitos, esta forma “viral” de humilhar, debochar, desdenhar do outro virou rotina basicona. Para a maioria das vítimas, os memes e piadinha que saem do controle se tornam sofrimento, vergonha, depressão, baixa auto estima e até suicídio (sim, suicídio. Pode acreditar!)
Mas outras pessoas decidem ir por outro caminho e, para além do seu sofrimento pessoal, procuram soluções e formas de quebrar o ciclo vicioso utilizando as mesmas ferramentas que os vilões do mundo virtual utilizam sem nenhuma vergonha. E aí vemos que há luz no fim do túnel sim: a internet pode ser usada para o bem!
Esse é o caso da cearense Montiele Arruda. Empresária, bem casada, mãe de dois filhos e um poço de alegria de viver, Montiele espalha sorrisos por onde passa. Conhecida em Fortaleza como queridinha do Instagram, ela divide seus dias, noites, festas, rotina de trabalho e selfies com milhares de seguidores, como muitos fazem hoje em dia. Em sua descrição de perfil no Facebook, a frase chama atenção: “Viver e não ter a vergonha de ser Feliz!” Pelo visto a felicidade de Montiele incomodou tanto que resolveram tentar acabar com ela. A desculpa? Como ser feliz ou não ter vergonha com um corpo que não se enquadra perfeitamente em um padrão que uma sociedade viciada se esforçou tanto para disseminar? Não, não pode. Tem que ter vergonha, tem que parar, nós não vamos deixar.
Foi assim que pensou um site desses de sensacionalismo duvidoso. Mais um daqueles com milhões de leitores, entre publicações engraçadinhas, outras polêmicas e outras simplesmente ofensivas ( imaginem quantos processos o site já carrega), o dito “site” resolveu pescar sem autorização uma foto de Montiele e fazer mais uma de suas gracinhas. A foto mostra Montiele e um amigo em um momento de lazer e a roupa que ela usa lembra muitas que costuma usar, uma blusa justa, saia midi e umbigo de fora. Abaixo da foto, o site lança uma espécie de enquete: Cinto ou umbigo? O que você vê na foto? A enquete e o post do site fazem alusão a barriga ou ao tipo de corpo e posição do umbigo que Montiele exibia na foto.
Não precisamos postar a comentada foto por aqui, mas é triste ser tão fácil de imaginar o que aconteceu depois disso. A foto “viralizou” conforme planejado, os milhares de comentários pejorativos “floodaram” a rede. O site adorou, mas muitos leitores nem tanto. E a notícia chegou até o Ceará, até Montiele e sua família. Se ela ficou triste? Claro. Se ficou com raiva? Óbvio. Se sentiu vergonha? Talvez. Mas morreu?? Não. Nem perto disso.
Montiele botou literalmente a cara a tapa e o comentado umbigo pra jogo e não deixou barato. Em um post no seu Facebook, Montiele contou o ocorrido em detalhes, aproveitou a exposição e lançou a campanha “E se Fosse você?” O post já tem muitos compartilhamentos e comentários. Ainda não chega nem perto dos comentários no post do site sensacionalista, mas é uma semente. E tem tudo pra crescer. Confira o desabado e campanha lançada por Montiele abaixo:
A ideia é simples e tão antiga quanto esse mundo em que vivemos: aprenda a colocar-se no lugar do outro. Olhe-se no espelho antes de criticar. Comoartilhe coisas boas. Não faça bullying. Simples, mas por que é tão difícil de aplicar em nossas vidas? O que está em questão aqui não é o que é certo ou errado, o que é bonito ou o que é feio, o que é aceitável ou louvável. Mas sim a simples e pura pergunta: Até onde vai a liberdade na internet? E mais: que impacto têm os tão conhecidos memes e piadinhas as custas de seres humanos reais?
Nós do Patio Hype também buscamos acessos, audiência.Vivemos disso. Mas acreditamos que tudo tem limite. E é hora de pensarmos melhor em que limites são esses! Por isso, nós abraçamos Montiele, sua roupa, seu umbigo, sua auto estima e principalmente sua campanha!
Acreditamos firmemente em inspirar e espalhar o bem. E torcemos para que esses feitos sim “viralizem” na web. Assim que deve ser. Para o bem de todos!#nãoaobullyingvirtual #nãoaobodyshaming#chiqueéservocê #proudtobeyou
Fotos: Reprodução/Acervo pessoal Montiele Arruda