
Ontem a gente falou aqui no nosso especial Mês do Terror sobre o Fortaleza Necrópole, um projeto que faz visitações guiadas ao Cemitério São João Batista. Mas você sabia que além de sua beleza, ele também tem várias histórias e lendas assustadoras? O Cemitério São João Batista, o mais antigo e simbólico de Fortaleza. Fundado em 1866, o espaço guarda não somente os restos mortais de personalidades históricas, mas também lendas que atravessam gerações. São histórias que se misturam à arquitetura tumular, à neblina das madrugadas e ao imaginário popular da capital cearense.
Quem entra por aqueles portões pode até ir em busca de história, mas sai com algo a mais — um arrepio, uma dúvida, talvez uma lembrança que não era sua. Funcionários, visitantes e até historiadores relatam episódios que fazem o São João Batista ganhar status de cemitério mais assombrado de Fortaleza.

Cemitério São João Batista: lendas assustadoras que desafiam a lógica
Uma das narrativas mais conhecidas é a das crianças que brincam entre os jazigos. Funcionários afirmam, por exemplo, ver uma menina de vestido branco pedindo ajuda. Já outros relatam que já viram meninos e meninas correndo pelo cemitério, principalmente ao entardecer. Mas o desfecho é sempre o mesmo: quando alguém tenta se aproximar, eles desaparecem.
Há quem diga que são espíritos de pequenos sepultados durante a epidemia de varíola no século XIX. Outros acreditam serem apenas visões provocadas pela luz que atravessa as árvores antigas. Ainda assim, muitos visitantes afirmam ouvir risadas infantis vindas de túmulos fechados.

A história da mulher que virou serpente
Entre as histórias mais conhecidas está a da mulher que virou serpente. Conta-se que uma jovem, de beleza invejável e vida religiosa exemplar, fez um voto de castidade. Mas, ao quebrar a promessa, teria sido amaldiçoada. No dia de sua morte, o corpo teria se transformado em uma enorme serpente. Dizem que, em certas noites, o réptil aparece se arrastando entre os túmulos — e que seu choro, meio humano e meio sibilante, ecoa pelos corredores.
Muitos garantem que a escultura de uma mulher junto a uma serpente, presente no cemitério, é a representação dessa maldição. Outros dizem que o artista apenas se inspirou na lenda popular. Ninguém sabe ao certo, mas o mito resiste — e continua assustando quem ousa visitar o local depois do pôr do sol.

O cortejo dos vivos-mortos
A mais antiga das lendas do São João Batista fala de um cortejo de almas penadas. Moradores da região afirmam que, em noites sem lua, é possível ver um grupo de figuras vestidas de preto caminhando lentamente pelas alamedas. Alguns seguram velas. Outros, nada. O estranho é que, ao tentar seguir o cortejo, ele simplesmente desaparece — como se a procissão voltasse ao outro lado.
Os coveiros mais antigos dizem que a visão é um mau presságio: sempre que o cortejo aparece, uma morte importante acontece na cidade dias depois.
Entre o medo e a memória
Essas histórias, por mais assustadoras que pareçam, ajudam a preservar parte da memória cultural e espiritual de Fortaleza. Mas lendas de assombrações à parte, o Cemitério São João Batista é um verdadeiro livro aberto da história fortalezense. Fundado em 1866, abriga túmulos de governadores, escritores e artistas que marcaram o Ceará. As esculturas e mausoléus impressionam pela riqueza de detalhes, transformando o espaço em um museu ao ar livre e, claro, um campo fértil para histórias que misturam fé, mistério e tradição.
Dizer que não existem boas lendas no São João Batista é desconhecer o poder que o silêncio tem sobre a imaginação. E, convenhamos, nenhum lugar guarda tantos segredos quanto um cemitério que já viu tanta vida passar. Então, vale a pena fazer uma visita e, se de repente ouvir passos atrás de você, talvez seja só o vento… talvez.
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