
Quando o assunto e sustentabilidade, muito se fala na compostagem de restos de alimentos e outros resíduos orgânicos, certo? Mas, você já ouviu falar na compostagem humana? Pois é, acredite: a sustentabilidade pode estar presente até na hora de se despedir de seu ente querido.
A prática da compostagem humana, também conhecida como redução orgânica natural, propõe transformar o corpo humano em solo rico em nutrientes, oferecendo um retorno mais ecológico à terra. Ou seja, é um processo muito similar ao que fazemos quando colocamos restos de comida que iriam para o lixo em uma composteira a fim de transformá-lo em adubo. Mas, como isso funciona?

Entenda a compostagem humana
Tradicionalmente, em países ocidentais como o Brasil, após uma pessoa, ela é enterrada em um caixão. Embaixo do solo, então, seu corpo lentamente se decompõe. Pois bem, a compostagem humana é um processo que acelera essa decomposição natural do corpo. Para isso, o falecido é envolvido em uma espécie de mortalha biodegradável. Em seguida, a equipe responsável coloca o corpo em um recipiente com materiais orgânicos, como lascas de madeira, alfafa e palha.

Depois, com controle de umidade e aeração, microrganismos termofílicos (ou seja, que adoram calor) entram em ação. Dessa forma, eles decompõem o corpo e os materiais vegetais ao longo de aproximadamente 30 a 60 dias, período em que a temperatura dentro do recipiente eleva-se significativamente, eliminando patógenos e transformando os restos mortais.
Após esse período, o material passa por uma fase de cura, semelhante à compostagem tradicional de jardim. Finalmente, o solo resultante é processado para remover quaisquer materiais não orgânicos, como próteses metálicas, e então liberado para a família. O resultado é cerca de um metro cúbico de um composto orgânico rico em nutrientes, que pode ser usado para nutrir jardins ou florestas.
A polêmica da compostagem
A ideia de transformar os restos humanos em outros materiais não é nova, e a compostagem humana, muito menos. No entanto, ela ainda gera polêmicas em todo o mundo. Nos Estados Unidos, por exemplo, apenas alguns estados como Colorado e Oregon aprovaram a prática, enquanto outros locais ainda debatem a liberação ou não. No Brasil, não existe nenhuma legislação específica regulamentando a compostagem humana, muito menos permitindo. No entanto, as primeiras discussões começaram a vir à tona na esfera político-social.
Vale ressaltar que o enterro tradicional pode levar à contaminação de solo e água pelos materiais não biodegradáveis dos caixões, além do fato dos cemitérios ocuparem grandes espaços de terra. Por outro lado, a cremação libera uma grande quantidade de gases tóxicos e utiliza combustíveis fósseis. Nesse quadro, a compostagem humana aparece como opção mais sustentável para lidar com o falecimento.
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Fotos: Reprodução