A desigualdade social pode morar bem ao lado em Fortaleza. Enquanto alguns bairros de uma das cidades brasileiras mais procuradas pelos turistas têm um bom índice em serviços como rede de esgoto, água, energia, coleta de lixo e banheiro, outros amargam noites iluminadas apenas pela lua, quando essa resolve dar o ar da graça, ou por lamparinas. Sim, Fortaleza é uma cidade de contrastes e exclusão social.
Baseado nos dados do Censo 2010 o Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará (Ipece), divulgou ontem (12), tomando como plano de fundo cinco critérios (rede de água, rede de esgoto, rede de energia, banheiro e coleta de lixo), os bairros com as melhores e piores condições domiciliares de Fortaleza.
Domicílios com coleta de lixo realizada por serviços de limpeza
Entre os bairros que tem 100% da coleta realizada estão Henrique Jorge, Amadeo Furtado e Varjota. Já na lista dos dez bairros com os piores resultados, Sabiaguaba, Pedras e Manuel Dias Branco estão no topo. O bairro Manuel dias Branco, por exemplo, está localizado na Regional 2 de Fortaleza, a de maior poder aquisitivo da cidade.
Bairros com serviço de água
A média geral de residências em Fortaleza ligadas a rede de água, é de 93,31%. No entanto, alguns bairros detêm proporções abaixo de 80%. São eles: Jardim Guanabara (55,84%), Sabiaguaba (66,84%) e Vila Velha (77,36%).
Domicílios com energia elétrica
Mais uma vez o bairro Manuel Dias Branco aparece entre os três piores em mais um quesito, com 95,02%. Logo depois, estão Sabiaguaba (97,42%) e Pirambú (97,86%).
Domicílios com existência de banheiro
Nenhum dos bairros de Fortaleza apresentou índice de 100%, mas entre os bairros com o maior percentual, além do Bom Futuro, com 99,05%, estão o Cocó (99,81%) e Meireles (99,87%). Os bairros onde menos residências possuem banheiro de uso exclusivo da casa são: Manuel Dias Branco (88,46%), Pirambú (91,12%) e Arraial Moura Brasil (95,24%).
Domicílios ligados à rede geral de esgoto ou pluvial
“A taxa de cobertura de esgotamento sanitário ainda é baixa e desigual na capital, necessitando de mais políticas de expansão da rede de coleta de esgotos na cidade no intuito de aumentar o percentual de cobertura, trazendo, desta forma, benefícios para a população em diversas áreas, como, por exemplo, na saúde, saneamento e meio-ambiente”, diz o relatório do Ipece.
No bairro Pedras, só 0,54% das residências dispõem do serviço. Os índices mais baixos também foram registrados no Parque Presidente Vargas (2,41%) e Curió (2,76%). O bairro com o melhor resultado, Cidade 2000, tem 99,89% dos domicílios com esgotamento sanitário.
No geral, o relatório apresenta os bairros Manuel Dias Branco e Sabiaguaba, como os bairros com o pior posicionamento. Isso pode estar “correlacionado com a baixa densidade demográfica e o elevado custo fixo para ampliação do acesso à energia elétrica, água, e especialmente da coleta de esgoto”, conclui o Ipece.
Já o bom resultado do Conjunto Ceará I e II, pode estar relacionado à sua concepção como projeto urbanístico da COHAB no início da década de 1970. O Ipece aponta as políticas públicas de ampliação da rede de serviços básicos como a melhor forma de contribuir para a redução da extrema pobreza.
Fotos e vídeo: reprodução