Só fechando os olhos ou se abstendo do espaço público para não ver pessoas dormindo nas ruas e revirando lixos. É uma pobre gente que não tem sequer o direito à alimentação, que é algo tão essencial à vida. Na contramão dessa dura e triste realidade está o inimaginável: toneladas de frutas, legumes e verduras sendo descartadas diariamente por um motivo que chega a ser uma afronta, a cada um dos milhares de seres humanos que vivem na miséria dia após dia. Por não estarem dentro dos padrões de boa aparência exigidos pelo mercado de consumo, os alimentos viram lixo.
É uma grande contradição! Temos ao mesmo tempo, muita comida indo para o lixo, e muitas pessoas passando fome, mostrando que tudo está errado e que é preciso urgentemente fazer algo. Entretanto, nesse contexto de desperdício desumano, surgiu o dumpster diving. Cada vez mais conhecido e com mais adeptos, o movimento trata-se de um estilo de vida sustentado pelo ato de catar comida do lixo.
É isso mesmo! O dumpster diving – ou “mergulhadores da lixeira” em uma tradução livre – é praticado em países mais desenvolvidos que o nosso, por pessoas que são movidas muito mais pela ideologia de criar um contraponto à overdose de consumo e à cultura do desperdício tão disseminadas na sociedade atual, do que por dificuldades financeiras.
O movimento nasceu em Nova Iorque, mas se tornou popular na Europa graças aos alemães Benjamin Schmitt e Helena Jachmann, dois jovens motivados pela indignação ante o desperdício de toneladas de comida. O comportamento dessas pessoas, que encontraram no lixo o meio de sobreviver gastando menos e reduzindo pegadas ecológicas no planeta, recebeu nome e sobrenome de subcultura em países como Estados Unidos, Canadá e Inglaterra.
Uma das táticas encontradas pelos “mergulhadores da lixeira” para conseguir produtos alimentícios de qualidade, é circular durante o dia por corredores de supermercados observando datas de validade. Dessa forma, quando estiver próximo do vencimento, é bem possível que o produto vá para o lixo naquela mesma noite. Aí basta retornar mais tarde e encher o carrinho, mochila ou porta-malas do carro.
Para alguns o dumpster diving parece coisa de gringo ou uma realidade exclusiva de quem vive na extrema pobreza. E você, o que acha desse estilo de vida? Dá para praticar o não desperdício e levar esses alimentos a quem tem fome?
Fotos: Reprodução.