
Quando foi lançado lá em 2009, a animação Procurando Nemo rapidamente conquistou o coração de adultos e crianças. Afinal, quem não torceu pelo pequeno peixe-palhaço e seu pai superprotetor, Marlin? Ou se apaixonou pela adorável Dory? Contudo, a animação da Pixar esconde um “erro” que mudaria muita coisa em Procurando Nemo.
No começo da história, vemos os animais do fundo do oceano vivendo harmoniosamente, com os peixes morando em uma anêmona. Até aqui, tudo bem. Isso porque, de fato, os peixes-palhaço formam grupos sociais com uma hierarquia bastante definida. Mas é aqui começa a diferença. Acontece que a vida real dos peixes-palhaço, especialmente sua reprodução, é bem mais complexa e surpreendente do que aparenta.

Na verdade, quem manda no pedaço é sempre a maior peixe do grupo, a fêmea dominante. Ou seja, no filme, ela seria a mãe de Nemo. Além dela, claro, há um macho reprodutor — no caso, Marlin, pai de Nemo —, geralmente o segundo maior em tamanho. Os outros membros do cardume são machos menores, não reprodutores, que esperam sua vez na linha de sucessão.
E qual é o erro em Procurando Nemo?

Na história, todos sabem que a anêmona sofre um ataque e todos os ovos de peixe são levados, restando apenas um, o do pequeno Nemo. Pois bem, aqui começa o detalhe que a Pixar simplesmente “deixou de lado” na animação.
Peixes-palhaço são hermafroditas sequenciais protândricos. Traduzindo do “biologuês”: eles nascem machos e podem se transformar em fêmeas. Isso mesmo! Se a fêmea dominante do grupo morre ou é removida, algo extraordinário acontece. O macho reprodutor, o “vice-líder”, inicia um processo de mudança de sexo. Ele então se torna a nova fêmea dominante do grupo. Consequentemente, um dos machos não reprodutores maiores assume o posto vago de macho reprodutor.
Além disso, há outro detalhe ainda mais sombrio. Qualquer ovo danificado, mal formado ou infértil é devorado pelo macho. Ou seja, um filhote com má-formação como a de Nemo nem nasceria.

Ou seja, caso o longa refletisse a realidade biológica dos peixes-palhaço, após a trágica perda no coral, Marlin não permaneceria apenas um pai viúvo e heroico. Na verdade, como o macho reprodutor do casal, Marlin se transformaria na nova fêmea. Sim, você leu certo. Marlin viraria a “nova dona do pedaço”. E Nemo? Ao atingir a maturidade sexual, ele poderia, potencialmente, se tornar o novo parceiro reprodutor de seu pai — que agora seria sua mãe. E isso se ele não fosse devorado por Marlin quando ainda era um ovo.
Claro que, se tudo isso estivesse no longa, ele não teria o apelo que tem, não é mesmo? E antes que qualquer purista reclame, vale lembrar que Procurando Nemo é uma ficção, não, não podemos chamar isso de erro, não é mesmo? Afinal, peixes nem falam mesmo… Mas você sabia deste “detalhe”?
Fotos e vídeos: Reprodução