Mais de 100 apresentações depois de sua estreia, com prêmios conquistados nos principais festivais de teatro da Europa (Avignon e Edimburgo), o eletrizante drama “O dia em que Sam Morreu”, segue reafirmando o desejo de levar à cena impasses da sociedade contemporânea, como falta de ética, abuso de poder e crise moral, com a inconfundível assinatura do Armazém Companhia de Teatro, dirigido por Paulo de Moraes.
Além da turnê europeia, a peça “O dia em que Sam Morreu” já passou por Curitiba, Rio de Janeiro, Brasília, Belo Horizonte, Vitória e São Paulo, aonde foi sucesso de crítica e público no Sesc Consolação, sendo escolhido pelo jornal Folha de São Paulo como Melhor Estreia Teatral de 2014. Agora, a peça inicia um giro pelo Nordeste, passando por Fortaleza, João Pessoa, Recife, Maceió, Natal e Salvador. A turnê e a manutenção do grupo contam com o patrocínio da Petrobras, numa parceria que vem desde 2001.
O espetáculo “O Dia em que Sam Morreu” se alicerça no questionamento dos limites do mundo atual. A trama flagra os acontecimentos que mudam a rotina do hospital onde o desgovernado cirurgião-chefe Benjamin (Otto Jr.) aplica métodos nada ortodoxos para subir na carreira, incluindo altas doses de fármacos para aplicar filtro próprio em sua realidade. Quem invade o lugar é o jovem Samuel (Jopa Moraes), armado com uma pistola e muito idealismo,acreditando que assim pode ajustar os ponteiros do sistema corroído por todas as partes.Uma espécie de duelo entre o “eu sou o que eu sou” e o “eu sou o que me constitui. “A estrutura da peça propõe uma sucessão de reinícios, com diferentes personagens adquirindo protagonismo a cada vez que a história é contada. O personagem central é esse “dia” onde cada um deles tem que se posicionar sobre o mundo e a época em que vivem. Como permanecer limpo num mundo onde tudo pode ser relativizado, ou quando a vida muda radicalmente num estalo?”, completa Moraes.
Na segunda parte da história, Patrícia Selonk é Samantha, uma juíza criminaltentando distinguir o que é correto no meio de uma situação traiçoeira e Ricardo Martins é Arthur, um talentoso cirurgião com uma moral bastante flexível. São eles que tratam dos caminhos percorridos da juventude à idade adulta, dos sonhos às decisões práticas do cotidiano, da dúvida e do sofrimento da dúvida. Na parte final, Sofia (uma garota de programa às voltas com o pai doente) é interpreta por Lisa Eiras e Samir (um velho palhaço convivendo com o Mal de Alzheimer) é interpretado por Marcos Martins. Ambos mostram o jogo de maneira mais poética, questionando o peso e a medida das coisas.
Além deles, o diretor musical Ricco Viana executa ao vivo a trilha original do espetáculo; que conta ainda com iluminação de Maneco Quinderé, figurinos de Rita Murtinho e cenários concebidos em parceria por Paulo de Moraes e Carla Berri.
“O Dia em que Sam Morreu dramatiza as escolhas éticas definidoras do destino de seis pessoas que se cruzam nos corredores de um hospital invadido por um jovem armado. São personagens que assumem efetivamente o poder sobre nós: médicos, juízes, artistas. Estamos falando de impasses contemporâneos da sociedade.E é nesse preciso sentido que o teatro é político, na medida em que ele provoca o debate e a divergência de ideias”, define Paulo de Moraes.
Uma das fontes de inspiração veio de “Macbeth”, de Shakespeare. Em 2013, o Armazém Companhia de Teatro integrou o Festival de Edimburgo, na Escócia – quando tambémconquistou o FirstFringeAward (por “A Marca da Água”), um dos principais prêmios daquele que é considerado o maior festival de teatro do mundo –, quando começou a delinear esta nova trama. “Pegamos o impulso, a inspiração inicial, de ‘Macbeth’, com toda a sua potência que provoca muitas reflexões. Uma singularidade dessa dramaturgia é que não queríamos metáforas. Criamos dessa vez uma estrutura de retorno à situação limite da trama: uma invasão de um hospital que resulta na morte de alguém. Esse acontecimento se repete mais duas vezes e nos ajuda a entender a trajetória de cada personagem cujo apelido é Sam e que morre nessa ação de um jovem que quer mudar tudo que acredita estar errado no sistema”, destaca Maurício Arruda Mendonça.
Sobre O Armazem Companhia de Teatro
A Companhia nasceu em Londrina (PR) e se instalou no Rio em 1998, fazendo espetáculos históricos, comoToda Nudez será Castigada, Inveja dos Anjos e Alice através do Espelho. Entre Mambembe, Shell, Cultura Inglesa, só para citar alguns, mais de 20 prêmios nacionais foram conquistados pelo Armazém Companhia de Teatro ao longo de sua trajetória. Sediado num galpão na Fundição Progresso, o Armazém ampliou seu território de linguagem com cenários surpreendentes em constante diálogo com a dramaturgia (na maior parte do tempo original) dando ênfase à arte do ator, na pesquisa do espaço cênico, na dramaturgia, na teatralidade pura e produziu espetáculos marcantes. Ancorando 27 anos de muito trabalho, o Projeto Memória surgiu como uma pequena contribuição da companhia à preservação da memória teatral do país; e que já lançou a versão em DVD de quatro espetáculos do Armazém (Da Arte de Subir em Telhados, Pessoas Invisíveis, Alice Através do Espelho, Inveja dos Anjose Antes da Coisa Toda Começar), além dos livros Para Ver com Olhos Livres, Espirais, Inveja dos Anjos, Antes da Coisa Toda Começar, A Marca da Água e O Dia em que Sam Morreu.
Ficha Técnica
Direção :: Paulo de Moraes
Dramaturgia :: Maurício Arruda Mendonça e Paulo de Moraes
Elenco :: Jopa Moraes, Lisa Eiras, Marcos Martins, Otto Jr., Patrícia Selonk e Ricardo Martins
Iluminação :: Maneco Quinderé | Cenografia :: Paulo de Moraes e Carla Berri
Figurinos :: Rita Murtinho
Direção Musical :: Ricco Viana
Cartaz: Jopa Moraes
Material Gráfico: Jopa Moraes e João Gabriel Monteiro
Produção de Vídeos :: José Luiz Jr., João Gabriel Monteiro e Ricco Viana
Assistente de Produção :: Iza Lanza
Técnico de Montagem :: Regivaldo Moraes
Produção Executiva :: Flávia Menezes
Produção: Armazém Companhia de Teatro
Serviço:
O dia em que Sam Morreu – Com o Armazém Companhia de Teatro. Direção: Paulo de Moraes.
Data: Dias 26, 27 e 28 de junho –Sexta,sábado e domingo, 20 hs
Local: Teatro Dragão do Mar – Rua Dragão do Mar, 81 – Praia de Iracema – Fortaleza
Informações: (85) 3488-8600
Ingressos: R$ 40 (inteira) e R$ 20 (meia) – desconto de 50% no valor inteiro na compra de até 2 ingressos para a força de trabalho e clientes do Cartão Petrobras
Recomendação etária: 14 anos
Duração: 90 min.
Fotos: Reprodução