“Nossos filhos estão destruídos”. Essa foi a frase dita por uma mãe de uma aluna do Colégio Christus, que terá que refazer a prova do Enem, devido ao vazamento das questões pelos professores da escola. A mãe, Íris Gadêlha Costa, informa que os estudantes estão sofrendo bullyng virtual no Facebook, desde que foram postadas as primeiras informações das questões vazadas, por um estudante de Fortaleza. Os pais estão exigindo que seja feito o acompanhamento psicológico dos estudantes, para que estes possam se preparar – mais uma vez – para as provas do exame. Íris disse ainda que “minha filha acertou muitas questões do Enem e foi mérito dela e da escola”.
Foi divulgado ontem (27), pelo ministro da Educação, Fernando Haddad, que as questões foram realmente reproduzidas, pelos professores do Colégio Christus, de um exame pré-teste realizado na escola em outubro 2010. Dois dos 36 cadernos de pré-teste do Exame Nacional do Ensino Médio foram distribuídos aos alunos. “Os professores recomendavam aos próprios estudantes a não divulgação desses cadernos, porque as questões ali contidas, provavelmente algumas delas cairiam na prova”, afirma Haddad. O ministro ressaltou ainda que o Enem busca pela igualdade de oportunidades, para todos os candidatos. “O Enem tem de garantir isso, seja quando o estudante é prejudicado por uma ação na qual ele não deu causa, seja quando é favorecido. Não se trata de punição, mas de busca de igualdade de condições. Nós vamos chegar aos responsáveis por isto rapidamente e vamos exigir uma resposta da Justiça”.
O Ministério Público Federal do Ceará (MPF-CE) entrou ontem (27) com uma ação civil pública pedindo a anulação das provas do Enem, em todo o Brasil, ou o cancelamento das questões divulgadas pelo Colégio Christus. O procurador federal do Ceará, Oscar Costa Filho, pediu ainda que a decisão do MEC, de cancelar as provas dos 639 estudantes, seja suspensa. “Esses 639 competem igualmente com candidatos de todo o país, independente da base territorial. Essas seriam as formas de manter a isonomia entre todos os alunos do Brasil” disse.
Para o professor e doutor em direito administrativo, Alexandre Mazza, a condição de igualdade, defendida pelo Enem, será ferida caso somente os estudantes do Colégio Christus tenham que fazer nova prova. Para ele, o Enem deve ser cancelado em todo o país. “Se o Enem vai criar uma base classificatória única, a prova tem de ser a mesma para todos. Com certeza uma vai ser mais fácil que a outra. Não há como fazer um resultado só com provas diferentes. É inaceitável”.
O que deve ficar claro é que os estudantes não podem ser prejudicados por um ato irregular por parte da escola. Os comentários nas redes sociais aproveitam para atacar a imagem do nordestino em si, como forma de xenofobia, como sempre aconteceu, e isso é um crime. O caso aqui não é ser nordestino ou não e sim que o problema seja resolvido de uma forma que ninguém seja prejudicado (novamente).
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