Você está fazendo tudo certo: faz dieta, exercita-se regularmente (tanto musculação quanto aeróbico), mas quando sobe na balança o ponteiro não sai do lugar ou, no pior dos cenários, aponta para cima. Aí você observa aquela sua amiga que não faz muito esforço, come alimentos calóricos e não ganha peso. Desmotivante não é? Entretanto, um estudo do Weizmann Institute of Science, de Israel, sugere que o grande responsável por isso é a flora bacteriana.
Diante da epidemia que se tornou a obesidade, a proposta da pesquisa é verificar como diferentes organismos reagem à ingestão de alguns ingredientes. Um dos experimentos de destaque está relacionado ao caso particular da médica Saleyha Ashan, que participou do estudo como voluntária. Portadora de síndrome de ovário policístico e de um histórico familiar de diabetes tipo 2, ela sempre controlou muito bem a alimentação, mas percebeu mais dificuldade em emagrecer do que seus amigos.
O ganho de peso, conforme se acreditava até então, estaria relacionado ao consumo de alimentos que causam um grande pico de glicose no sangue, permitindo que o corpo demore mais para retornar ao seu estado normal. Então, basicamente aqueles com alto valor glicêmico seriam ruins para o organismo e os baixos seriam melhores.
O que ocorreu no caso de Saleysha foi justamente o oposto. A equipe de nutricionistas preparou menus especiais para ela durante seis dias e monitorou como seu corpo reagia ao consumo dos nutrientes. A surpresa foi que os alimentos que ela considerava saudáveis, como uvas e sushi, causaram grandes picos de glicose em seu organismo.
Outra voluntária do mesmo sexo e da mesma idade que ela, consumiu os mesmos alimentos, porém, apresentou resultados muito diferentes. Mas como explicar a diferença? A resposta foi investigada nas fezes.
Ambas as voluntárias tiveram seus dejetos examinados, o que permitiu que os pesquisadores observassem a flora bacteriana em cada intestino. O que se constatou foi que as duas possuíam milhares de bactérias e vírus em seus organismos, que poderiam ser responsáveis pela forma como os compostos foram absorvidos.
Os pesquisadores acreditam que essa é a chave para descobrir porque os picos de açúcar no sangue são tão particulares para cada indivíduo. Se isso for constatado cientificamente, cai por terra a teoria de que os alimentos têm alto ou baixo índice glicêmico. Afinal, é a flora bacteriana que define a forma como o organismo reage a determinados nutrientes.
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